Infografias
Abusos sexuais, vítimas e abusadores: um retrato em números
Quem são as vítimas e os abusadores, onde ocorriam os abusos, que efeitos tiveram na saúde mental dos abusados. Este guia é um resumo do relatório da comissão independente que compilou relatos de casos ocorridos entre 1950 e os dias de hoje
Depois de França, Austrália, Alemanha, Bélgica e Irlanda, também Portugal passou a ter desde segunda-feira, dia 13 de Fevereiro, um relatório de uma comissão independente que avaliou, durante 12 meses, 72 anos de abusos sexuais perpetrados por figuras mais ou menos importantes da Igreja Católica. Em Espanha e nos EUA, também houve revelação de histórias, mas o levantamento foi feito por órgãos de comunicação social e não por especialistas, como nos outros casos. Ao todo, em Portugal, foram validados 512 testemunhos. Estima-se que, no mínimo, 4815 crianças tenham sido abusadas. A caracterização que se segue baseia-se nos 512 depoimentos recolhidos.
Género das vítimas
Houve mais elementos que se identificam com o género masculino a denunciar abusos, mas a componente feminina da amostra é muito significativa, quando comparada com valores internacionais
Idade do primeiro abuso
Os números mostram que em média, o primeiro abuso ocorreu aos 11,2 anos. No caso das raparigas, a média desce para os 10,5 anos e no dos rapazes sobe para os 11,7. Em %
Escolaridade das vítimas
A maioria das vítimas completou uma licenciatura (32,4%), um mestrado (12,9%) e um doutoramento (3,1%) Apenas 4,7% das pessoas tem o primeiro ciclo. Em %
Profissões actuais das vítimas
O grupo profissional mais representado entre as vítimas é o dos especialistas das actividades intelectuais e científicas (32%). O pessoal administrativo representa apenas 3,3% da amostra. Em %
Revelação do abuso
Uma percentagem de 43% das vítimas nunca revelou o abuso (51,8% fizeram-no, mesmo que tardiamente). A maioria das denúncias foi a familiares
Vítimas que se suicidaram: 7
Idade em que revelou o abuso
A idade em que as vítimas revelam a situação e abuso tem vindo a descer ao longo dos anos, sendo inferior a 18 anos desde o início do Séc. XXI
Distritos onde ocorreu o abuso
Não há nenhum distrito do território nacional, incluindo regiões autónomas, que não tenha registado uma situação de abuso
Local onde ocorreu o abuso
Foi maioritariamente em seminários, colégios religiosos com internato ou instituições de acolhimento que ocorreram os abusos, sobretudo entre os anos 1960 e 1990. Mais de 14% aconteceram em confessionários fechados. Em %
Duração do abuso
A situação mais comum registada no relatório da comissão independente é aquela em que o abuso teve apenas uma ocorrência (32,6%). Em menos de 8% dos casos, o abuso prolongou-se por um ano, mas em 27,5% dos casos, o abuso prolongou-se por mais de um ano. Em %
Década em que ocorreu o primeiro abuso
Entre 1961 e 1990 situam-se as décadas em que se registaram mais de metade da totalidade dos abusos denunciados (58,3%)
Modalidade do abuso ao longo do tempo
Entre as modalidades de abuso mais frequentes, a exibição de zonas genitais e a prática de sexo oral parecem ter vindo a tornar-se mais comuns. Em %
Fim da situação do abuso
A razão que mais frequentemente levou ao fim da situação e abuso foi o afastamento da vítima da situação, lugar ou instituição. Só em 6,6% dos casos o motivo apontado foi “alguém ter descoberto a situação”
Escalão etário do abusador
A idade dos abusadores situava-se mais frequentemente entre duas faixas etárias: dos 31 aos 40 e dos 41 aos 60 anos
Estatuto na Igreja
Em 77% dos casos registados, o abusador era o padre e em 9,6% era o professor. Nenhuma outra categoria tem uma percentagem superior a 4,5%. Em %
