Portugal é o quarto país da OCDE onde a insegurança no emprego mais se agravou

Relatório revela que perda de rendimento associada ao desemprego passou de 5,6% para 11,7% entre 2007 e 2013.

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Rui Gaudêncio/Arquivo

Portugal é o quarto país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) onde a insegurança no emprego mais se agravou entre 2007 e 2013. Piores só a Grécia e a Espanha, que bateram recordes nos níveis de desemprego durante esse período, e a Itália.

Os dados constam do relatório Employment Outlook 2016, divulgado nesta quinta-feira, onde a organização prevê que Portugal feche o ano com uma redução de 0,3% da população empregada e uma taxa de desemprego de 11,9%.

No documento, a OCDE faz uma análise a vários indicadores para perceber qual o impacto da crise na qualidade do emprego. Avaliam-se os ganhos (o salário por hora trabalhada ajustada da desigualdade), a insegurança do mercado de trabalho (a perda de rendimento associada a uma situação de desemprego); e a qualidade do ambiente de trabalho (trabalhadores que trabalham sob tensão).

É no indicador relacionado com a insegurança no mercado de trabalho que Portugal apresenta piores resultados. Além de ser um dos países onde a perda expectável de rendimento em situação de desemprego é mais elevada foi também o quarto país da OCDE onde este indicador mais se degradou. Em 2007, os portugueses esperavam ter uma perda de rendimento de 5,6% caso ficassem desempregados, percentagem que subiu para os 11,7% em 2013.

Já no que respeita aos ganhos, os dados mostram que não houve mudanças significativas no período analisado. Contudo, Portugal é o décimo país onde os ganhos por hora são mais baixos (8,6 dólares por hora, ou seja, 7,7 euros).

Em relação ao terceiro indicador, que mede a qualidade do ambiente de trabalho, Portugal é o oitavo pior da OCDE, com 47% dos trabalhadores a afirmarem trabalhar sob tensão. Neste caso, nota a OCDE, houve uma “ligeira melhoria” do indicador para os trabalhadores que continuaram empregados durante o período entre 2007 e 2013.

Da análise destes três indicadores, a OCDE conclui que “Grécia, Hungria, Itália, Polónia, Portugal, Eslováquia, Espanha e Turquia têm resultados relativamente maus em duas ou nas três dimensões da qualidade do emprego”. No caso de Portugal, esta conclusão nem é novidade, refere a organização, lembrando que já antes da crise a qualidade do emprego “era relativamente pobre”.

Já a Austrália, Áustria, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Luxemburgo, Noruega e Suíça são os países que apresentam a qualidade no emprego mais elevada entre os 34 que compõem a OCDE.

Mas além das diferenças entre países, o relatório aponta para disparidades entre os vários grupos de trabalhadores. Assim, para os jovens e trabalhadores pouco qualificados a qualidade dos ganhos é pobre, a insegurança é elevada e vivem uma maior pressão no emprego. Já os trabalhadores altamente qualificados conseguem melhores resultados em todos os indicadores.

Em termos gerais, a organização conclui que comparando os indicadores de 2007 com os de 2013, “é claro que a crise teve um efeito negativo na qualidade do emprego na maioria dos países da OCDE, ao degradar consideravelmente a segurança do mercado de trabalho”.

Este é o resultado, nota a organização, do impacto combinado entre o aumento substancial do risco de desemprego e uma baixa taxa de substituição de rendimentos conseguida através da protecção social no desemprego. Sobretudo porque muitos desempregados de longa duração esgotaram o direito ao subsídio e não conseguiram voltar ao mercado de trabalho. 

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