Oito condenados a penas de prisão em França por decapitação de professor em 2020
Tribunal de Paris decreta penas entre os três e os 16 anos de prisão para os envolvidos no assassínio de Samuel Paty, professor que mostrou caricaturas de Maomé numa aula sobre liberdade de expressão.
Um tribunal de Paris condenou na sexta-feira oito pessoas pelo envolvimento no assassínio de Samuel Paty, decapitado em 2020 por um jovem islamista extremista, depois de o professor de História e Geografia ter mostrado caricaturas de Maomé numa aula sobre a liberdade de expressão. As penas variam entre os três e os 16 anos de prisão.
Naim Boudaoud, de 22 anos, e Azim Epsirkhanov, de 23 – dois amigos de Abdoullakh Anzorov, o assassino que foi abatido pela polícia após o crime – foram condenados a 16 anos de cárcere, por cumplicidade, segundo a emissora francesa France Info.
Boudaoud e Epsirkhanov acompanharam Anzorov na compra da faca que mais tarde foi encontrada no local do crime. Durante o julgamento, ambos afirmaram que o assassino lhes disse que se tratava de um presente para o seu avô.
Já Brahim Chnina, de 52, pai de uma aluna de Paty e um dos responsáveis pelo lançamento de uma campanha de bullying contra o professor, foi condenado a 13 anos de prisão, por associação criminosa terrorista.
Abdelhakim Sefrioui, activista islamista de 65 anos, que trabalhou com Chnina na realização e divulgação de vídeos sobre Paty com o objectivo de incitar ao ódio contra o professor, foi condenado a 15 anos de prisão, também por associação terrorista criminosa.
Os outros quatro arguidos no processo foram condenados a penas que variam entre um e cinco anos de prisão, por conspiração para cometer actos terroristas. Três deles partilhavam um grupo no Snapchat com Anzorov que divulgava propaganda jihadista e o quarto trocou várias mensagens com o assassino nas redes sociais.
O julgamento pelo assassínio do professor da escola de Conflans-Sainte-Honorine, nos arredores de Paris, começou no início de Novembro.
Em Dezembro de 2023, seis outros arguidos, todos adolescentes, foram condenados por fazerem falsas acusações e organizarem uma conspiração criminosa com a intenção de provocar violência. Quatro deles viram as suas penas suspensas, incluindo a filha de Chnina, que foi condenada a 18 meses de prisão.
O assassinato do professor de 47 anos chocou França e levou o Presidente, Emmanuel Macron, a reforçar a vigilância e a repressão do activismo fundamentalista islâmico.