Quem foi ouvir Paul McCartney em Londres recebeu um Ringo Starr de brinde

No último concerto da digressão Got Back, esta quinta-feira, o baterista dos Beatles subiu ao palco para tocar Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band (reprise) e Helter skelter.

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Paul McCartney e Ringo Starr em Janeiro de 2014, num anterior encontro em palco, em Los Angeles, no âmbito de uma celebração do 50º. aniversário da aparição dos Beatles no programa televisivo Ed Sullivan Show. REUTERS/ MARIO ANZUONI
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Era a última data da digressão que levou Paul McCartney a viajar pela América Central e do Sul (México, Brasil, Uruguai, Argentina, Colômbia e Chile), por França e Espanha antes de regressar ao país onde tudo começou, Inglaterra. Foi ali, no último de dois concertos londrinos, que McCartney chamou a palco um convidado especial. Chegou, cumprimentou o amigo, o camarada de longuíssima data, lançaram ambos o sinal da paz à multidão. Paul e Ringo Starr, juntos de novo em palco. Aconteceu esta quinta-feira, na O2 Arena. Macca e Starr a tocar Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band (reprise) e a tumultuosa Helter skelter na despedida da digressão Got Back.

Após o fim dos Beatles, os seus caminhos cruzaram-se ocasionalmente em palco. Neste século, estiveram juntos, naturalmente, no Concert for George, no Royal Albert Hall, em 2002, um ano após a morte de George Harrison. Ringo juntou-se a Paul durante a Freshen Up Tour de há cinco anos, Paul juntou-se a Ringo quando este deu entrada no Rock and Roll Hall of Fame, em 2015. Ainda assim, nunca se desvanece o simbolismo de ver reunidos em palco os dois sobreviventes da mais marcante banda da história da pop. E a actuação foi, na verdade, marcante sobretudo pelo seu simbolismo, dado que aquilo que Ringo Starr tocou não foi propriamente discernível – a bateria foi montada próxima de McCartney, 82 anos, e Ringo, 84 anos, sentou-se e tocou nela, mas, através das colunas, o som predominante, no que ao ritmo diz respeito, era responsabilidade de Abraham Laboriel Jr., baterista de Macca há mais de duas décadas – mero pormenor, neste contexto.

Num concerto que contou com um Rolling Stones, o guitarrista Ron Wood, como convidado, e cujo alinhamento recuou à pré-história dos Beatles, com In spite of all danger, dos Quarrymen, a banda que primeiro juntou Paul, John Lennon e George Harrison, e onde McCartney tocou pela primeira vez em 50 anos o seu histórico baixo Hofner – fora roubado em 1972, recuperou-o o ano passado —, neste concerto que arrancou com Hard day’s night, que passou por temas dos Wings e da sua carreira a solo, onde foi possível ver Macca em dueto virtual com Lennon, em I’ve got a feeling, e em que se ouviu aquela que terá sido a última canção dos Beatles, Now and then, single editado o ano passado, criado a partir de uma maquete gravada por Lennon em 1978, ter Ringo em palco, sentado à sua bateria, era o mais importante. O público foi até à O2 Arena para ver um Beatle, recebeu um segundo como brinde. Que mais poderia pedir?

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