Quem foi ouvir Paul McCartney em Londres recebeu um Ringo Starr de brinde
No último concerto da digressão Got Back, esta quinta-feira, o baterista dos Beatles subiu ao palco para tocar Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band (reprise) e Helter skelter.
Era a última data da digressão que levou Paul McCartney a viajar pela América Central e do Sul (México, Brasil, Uruguai, Argentina, Colômbia e Chile), por França e Espanha antes de regressar ao país onde tudo começou, Inglaterra. Foi ali, no último de dois concertos londrinos, que McCartney chamou a palco um convidado especial. Chegou, cumprimentou o amigo, o camarada de longuíssima data, lançaram ambos o sinal da paz à multidão. Paul e Ringo Starr, juntos de novo em palco. Aconteceu esta quinta-feira, na O2 Arena. Macca e Starr a tocar Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band (reprise) e a tumultuosa Helter skelter na despedida da digressão Got Back.
Após o fim dos Beatles, os seus caminhos cruzaram-se ocasionalmente em palco. Neste século, estiveram juntos, naturalmente, no Concert for George, no Royal Albert Hall, em 2002, um ano após a morte de George Harrison. Ringo juntou-se a Paul durante a Freshen Up Tour de há cinco anos, Paul juntou-se a Ringo quando este deu entrada no Rock and Roll Hall of Fame, em 2015. Ainda assim, nunca se desvanece o simbolismo de ver reunidos em palco os dois sobreviventes da mais marcante banda da história da pop. E a actuação foi, na verdade, marcante sobretudo pelo seu simbolismo, dado que aquilo que Ringo Starr tocou não foi propriamente discernível – a bateria foi montada próxima de McCartney, 82 anos, e Ringo, 84 anos, sentou-se e tocou nela, mas, através das colunas, o som predominante, no que ao ritmo diz respeito, era responsabilidade de Abraham Laboriel Jr., baterista de Macca há mais de duas décadas – mero pormenor, neste contexto.
Num concerto que contou com um Rolling Stones, o guitarrista Ron Wood, como convidado, e cujo alinhamento recuou à pré-história dos Beatles, com In spite of all danger, dos Quarrymen, a banda que primeiro juntou Paul, John Lennon e George Harrison, e onde McCartney tocou pela primeira vez em 50 anos o seu histórico baixo Hofner – fora roubado em 1972, recuperou-o o ano passado —, neste concerto que arrancou com Hard day’s night, que passou por temas dos Wings e da sua carreira a solo, onde foi possível ver Macca em dueto virtual com Lennon, em I’ve got a feeling, e em que se ouviu aquela que terá sido a última canção dos Beatles, Now and then, single editado o ano passado, criado a partir de uma maquete gravada por Lennon em 1978, ter Ringo em palco, sentado à sua bateria, era o mais importante. O público foi até à O2 Arena para ver um Beatle, recebeu um segundo como brinde. Que mais poderia pedir?