NASA anuncia novos atrasos nas missões lunares Ártemis

Estima-se que o programa Ártemis custe 93 mil milhões de dólares até 2025. A missão Ártemis III, que irá levar humanos até ao solo lunar, foi adiada um ano, tendo sido empurrada para meados de 2027.

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O administrador NASA, Bill Nelson, anunciou na quinta-feira novos atrasos no programa Ártemis da agência espacial dos Estados Unidos para o regresso de astronautas à Lua pela primeira vez desde 1972, adiando as próximas duas missões planeadas devido a possíveis mudanças de política sob a Administração do Presidente eleito Donald Trump.

Bill Nelson disse em conferência de imprensa na sede da NASA que a próxima missão Ártemis, que enviará astronautas à volta da Lua e de volta, foi adiada para Abril de 2026, com a missão subsequente de aterragem de astronautas utilizando a nave espacial da SpaceX planeada para o ano seguinte.

“Assumindo que o módulo de aterragem da SpaceX está pronto, planeamos lançar a Ártemis III em meados de 2027”, disse Nelson. “Isso será muito antes da intenção anunciada pelo Governo chinês” de aterrar na superfície lunar até 2030, acrescentou Bill Nelson, ilustrando a competição entre as duas potências espaciais mundiais que estão a correr para a Lua.

Os atrasos recentemente anunciados surgiram depois de a NASA ter concluído uma análise da cápsula da Órion para a tripulação, fabricada pela Lockheed Martin, e do seu escudo térmico, que se tinha rachado e erodido parcialmente durante a reentrada na atmosfera terrestre na sua primeira missão de teste sem tripulação em 2022, Ártemis I.

O programa Ártemis foi criado pela NASA durante a primeira Administração de Trump e representa o principal esforço norte-americano para fazer regressar os astronautas à Lua pela primeira vez desde a missão Apolo 17 da agência espacial dos EUA. Estima-se que o programa Ártemis custe 93 mil milhões de dólares até 2025. Ao contrário das missões Apolo, o programa Ártemis também prevê a construção de bases lunares que ajudarão a preparar o caminho ao objectivo futuro, mais ambicioso, de enviar astronautas para Marte.

O programa Ártemis fez progressos notáveis, incluindo o lançamento sem tripulação da cápsula Órion em 2022 sobre o foguetão gigante Space Launch System (SLS) da NASA, mas também sofreu vários atrasos e custos crescentes.

O preço de cerca de 2000 milhões de dólares por cada lançamento do foguetão SLS e os seus custos excessivos no desenvolvimento fizeram com que os conselheiros para a transição de Trump estivessem ansiosos por acabar com o programa Ártemis e se concentrassem mais em Marte, usando o foguetão Starship, da SpaceX.

A missão Ártemis I da NASA foi uma viagem de 25 dias à volta da Lua, que terminou quando a cápsula Órion, que transportava uma tripulação simulada de três manequins, caiu no Pacífico. Durante a reentrada atmosférica, o calor ficou retido na camada exterior do escudo térmico da Órion, causando fissuras e suscitando preocupações sobre os futuros modelos da cápsula.

Bill Nelson disse que ele e outros altos funcionários da NASA decidiram por unanimidade, numa reunião realizada esta semana, manter a concepção do escudo térmico para a Ártemis II, mas alterar a trajectória de regresso da cápsula para evitar os problemas de fissuras. As cápsulas Órion em missões posteriores à Artemis II terão um escudo térmico melhorado.

A substituição do escudo térmico da Ártemis II teria causado um atraso muito maior, de pelo menos um ano, de acordo com Pam Melroy, administrador adjunto da NASA. A missão Ártemis II, um voo que transporta astronautas à volta da Lua na Órion, mas sem aterragem, também sofreu atrasos anteriores, incluindo um anunciado em Janeiro por Bill Nelson, que tinha adiado o seu calendário para Setembro de 2025. Nesta quinta-feira, Bill Nelson confirmou que a missão seria novamente adiada para Abril de 2026.

A missão de aterragem lunar Ártemis III implica que a Órion transfira os astronautas no espaço para o foguetão Starship, que depois aterrará na superfície.

Os Estados Unidos e a China, uma potência em ascensão no espaço, estão a cortejar países parceiros e a apoiar-se em empresas privadas para os seus programas lunares. O programa Ártemis tem sido a principal prioridade da NASA durante a presidência de Bill Nelson. O primeiro chefe da NASA de Trump, o antigo congressista norte-americano Jim Bridenstine, lançou o programa Ártemis e persuadiu o Congresso dos EUA a aumentar o orçamento da agência espacial para o financiar.

Na quarta-feira, Donald Trump escolheu o empresário multimilionário Jared Isaacman, sócio do fundador da SpaceX, de Elon Musk, para suceder a Bill Nelson como chefe da NASA. Nelson disse que falou brevemente com Jared Isaacm para o felicitar, e que espera que a próxima Administração Trump leve o programa Ártemis para a frente seguindo o seu plano actual.

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