O vinho e as memórias especiais

Embora não seja uma pessoa que com frequência acompanha a sua refeição com um bom vinho, as memórias de momentos em que o vinho está presente na mesa são especiais, quase sempre de família.

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Gonçalo Villaverde/Arquivo Público
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Nascer e crescer no Alentejo, especialmente na região de Setúbal, deveria ser sinónimo de gostar de todos os tipos de queijo, de enchidos e apreciar um bom vinho. Pois bem, eu não sou a maior fã de queijos, não como carnes vermelhas e nunca fui muito de bebidas alcoólicas. Uma autêntica vergonha para a comunidade alentejana.

Mas, calma, nem tudo está perdido. Sou fanática pelo nosso pão (tal como de qualquer prato que implique a sua presença), toda a gente que me conheça pela primeira vez me reconhece alentejana assim que começo a falar e não vivo sem passar uns dias “à sombra duma azinheira”.

Embora não seja, de facto, uma pessoa que com frequência acompanha a sua refeição com um bom vinho, nem o saiba apreciar da forma merecida, as memórias de todos os momentos em que o vinho está presente na mesa são especiais, quase sempre de família, união e felicidade.

Uma memória engraçada que tenho quando penso em vinho refere-se à “nódoa de vinho” na camisa do meu tio, o típico alentejano, de barriga saliente e bigode na cara. Não há ceia de Natal em que a nódoa não seja tópico de conversa e até discussão saudável entre marido e mulher.

Alcácer do Sal, a minha terra natal, tem um produtor muito bom, a Herdade da Barrosinha, onde a minha mãe trabalha há alguns anos, e já tive oportunidade de provar todos os tipos de vinhos das muitas castas que eles produzem (o Moscatel é o meu preferido, confesso), visitar a sua adega e ver a paixão e entrega de quem dedica a vida ao vinho e à sua produção. Fascinante!


Este artigo foi publicado no n.º 8 da revista Solo.

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