ENCONTRO DE LEITURAS #8

RECENSÃO

As Pequenas Chances. Natalia Timerman.
Todavia // 208 pp // R$ 74,90 / R$ 47,90
Tinta-da-china // 216 pp // € 15,90

A escritora e médica psiquiatra Natalia Timerman é a convidada do próximo Encontro de Leituras, no dia 8 de Outubro, terça-feira, às 18h no Brasil e 22h em Portugal. A autora vai reunir-se no Zoom com os seus leitores para conversar sobre o romance As Pequenas Chances, publicado em 2023 pela Todavia e que acaba de ser lançado pela Tinta-da-china em Portugal. O encontro é uma parceria editorial entre o jornal português PÚBLICO e a revista literária brasileira Quatro Cinco Um à volta de livros publicados nos dois lados do Atlântico.

No romance, uma mulher encontra o médico que tratou do pai dela durante a etapa final de um cancro. Essa conversa leva-a a revisitar lembranças do declínio físico do pai doente e do impacto na vida dos filhos, da mulher e dos netos. À medida que o fim se aproxima, as situações ganham contornos definitivos: a última viagem, a última gargalhada, a última ida ao teatro.

Em 2023, o romance foi votado como um dos melhores livros do ano pelos colaboradores da Quatro Cinco Um, e recenseado nesta revista  por Maria Carvalhosa, escritora e curadora da editora de audiolivros Supersônica, e por Camila Appel, escritora e fundadora do blogue Morte sem Tabu.

O Encontro de Leituras é aberto a todos os que queiram participar. A ID é a 821 5605 8496 e a senha de acesso 719623. Entre na reunião Zoom através do link.

Dia: 8 de Outubro, terça-feira

Hora: às 18h do Brasil e 22h de Portugal

Evento online e gratuito, via Zoom 

(em cima Natalia Timerman, fotografia de Renato Parada/Divulgação)

CRÍTICA CULTURAL

As exigências do agora

"Rui Tavares percorre história, filosofia e política para mapear momentos em que o pensamento crítico pode redefinir o mundo.'A memória', escreveu Pascal, 'é necessária a todas as operações da razão'. A frase, 'desgarrada de qualquer outra obra filosófica', só aparece no epílogo de Agora, agora e mais agora. Bem poderia ser sua epígrafe e, na prática, percorre este livro espantoso de Rui Tavares. Um livro que nasceu para ser livro, virou podcast  [no PÚBLICO] e chegou às páginas com as marcas desta viagem pouco usual, tanto pelas circunstâncias de sua realização quanto pelos caminhos que percorre — do ano 900 a 1948 — em ziguezagues entre história, filosofia e política.

 O subtítulo Seis memórias do último milénio faz referência às 'Seis propostas para o próximo milénio', a série de conferências em que Italo Calvino defende os valores que via como fundamentais para a arte e a vida dali, dos anos 80, para frente. O historiador e homem público português, com mandatos parlamentares na Comunidade Europeia e em Lisboa, prefere calibrar a perspectiva de futuro pelo olhar crítico sobre o passado. Afinal, voltemos com ele a Pascal, a matéria da memória é plástica, maleável; com ela se faz imaginação e identidade, coragem e medo. 'Essa dobra, esse ponto de viragem do nascimento da memória', escreve ele, 'é o que faz de nós pessoas'". Leia na íntegra a coluna de Paulo Roberto Pires na Quatro Cinco Um.

 (Em cima, um selo de papel representando o Al Farabi - 1493, Rijksmuseum/Reprodução)

ONDE QUEREMOS VIVER

Gaveta desarrumada

Resisto à tentação cega de imaginar que sou a razão de ser da cidade, da cara das nuvens.

Jardim da Estrela (Câmara Municipal de Lisboa/Reprodução)

"Regressar à vida depois de se ter estado doente depende dos lugares onde se andou. Chegada da cidade perfeita, Lisboa parece uma gaveta desarrumada. Além, Lisboa era uma rima: as cores das roupas nos estendais conjugavam com as cores das roupas dos transeuntes, as matrículas dos carros, os reclames das lojas, as canções da rádio, respondiam às deixas do meu pensamento, passando pela rua todos me olhavam fixamente. Quem serei? Rainha, imperatriz, baronesa de esplanada — culpada?

Os turistas no Jardim da Estrela não são, afinal, figurantes do cinema das minhas boas-vindas. Os sinos da Basílica da Estrela não tocam porque acabo de ter uma ideia. A rua de São Paulo é a Rua de São Paulo. E, se assim é, talvez eu seja Djaimilia. Vagueio, resisto à tentação cega de imaginar que sou a razão de ser da cidade, da cara das nuvens ou das modalidades de transporte. Descubro que, enfim, estou só apaixonada."

Leia na íntegra a coluna de Djaimilia Pereira de Almeida na Quatro Cinco Um.

451 MHZ

Camões, fogo ardente

Nos 500 anos do poeta, episódio especial do 451 MHz resgata a biografia e decifra as múltiplas facetas de um homem apaixonado. Luís Vaz de Camões (1524-80) reinventou o soneto, viajou pelos sete mares, foi preso, deportado, exilado, perdeu um olho durante uma batalha, salvou seus manuscritos de um naufrágio e se entregou sem pudor aos amores e à boémia. Hoje é cantado na música pop, dá nome a um bife no Rio de Janeiro e virou até anúncio de carro. Acima disso tudo, porém, está uma poesia que chega até nós em pleno vigor e beleza, inseminando a produção brasileira contemporânea. Nos 500 anos do poeta, este episódio narrativo do 451 MHz resgata a biografia e decifra as múltiplas facetas desse homem apaixonado. Uma história contada em prosa e verso por Gregório Duvivier, Paulo Henriques Britto, Maria Bochicchio, Sabrina Sedlmayer, Luiz Antonio Simas e Rui Tavares, com textos lidos pela actriz Maria Manoella.

Ouça o episódio completo no site da Quatro Cinco Um

Leia o texto de Luís Miguel Queirós e outros no PÚBLICO. 

DESLEMBRAMENTOS

a serena diagonal

Praia do Guincho, Portugal. (Fotografia de Jordi Burch)

"qual lua lunar,

margem da maré

maresia — que deitada.

o osso fresco. a frescura dorsal.

uma manta de areia

sobre o corpo em concha.

sua, sua a lua.

— sonha breve…, mas com força (…)!

'as portas e o medo de mim',

K. L. Nahary

fica perto desse instante que antigamente descreviam como "adormecer em busca da diagonal ideal". não era trilha, ou solução: era descoberta."

Leia na íntegra a coluna de Ondjaki na Quatro Cinco Um.

LANÇAMENTO

Livro policial fala do choque cultural de imigrantes brasileiros em Lisboa.

O Mau Selvagem, o sétimo romance do pernambucano Álvaro Filho, foi lançado em Agosto no Porto. É a sua segunda obra situada na capital portuguesa e trata do choque cultural enfrentado por brasileiros, conta a reportagem de Jair Rattner no PÚBLICO Brasil.

"No século XVIII, o filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau criou o conceito do bom selvagem, segundo o qual o ser humano nasce bom e a sociedade o corrompe — ideia que vem dos primeiros contactos entre os europeus e os indígenas norte-americanos. Em seu livro, Álvaro Filho, 51 anos, subverte essa ideia ao apresentar o bom selvagem como um indivíduo que se conforma com situações desfavoráveis, tenta se adaptar mesmo perdendo a sua identidade e o mau selvagem é aquele que se rebela", escreve Rattner. Leia na íntegra.

Nas Montras e Vitrines  — Livros que cruzaram o Atlântico

Puro. Nara Vidal.
Todavia // 96 pp // R$ 59,90 / R$ 38,90
Relógio D'Água // 104 pp // € 15

 

Eles não são loucos. João Borges.
Portfolio-Penguin // 336 pp // R$ 99,90
Kotter Editorial // 352 pp // € 23

 

Abraço. José Luís Peixoto.
Record // 490 pp // R$ 99.90
Quetzal // 664 pp // € 17,70

 

Vazio. Catarina Sobral.
Editora 34 // 36 pp // R$ 54
Pato Lógico // 32 pp // € 13,50

No Ípsilon desta semana

Na capa, uma entrevista a Luísa Costa Gomes.  

O livro Psiconautas, de Mike Jay, uma viagem à história das drogas.

Marta Morais: num templo do Japão, traduziu Ryokan, poeta em "comunhão com as coisas"

Até para a semana.