O Outono chegou ao Hemisfério Norte às 12h44, ao mesmo tempo que, em Nova Iorque, os líderes do mundo se preparam para a Assembleia Geral da ONU, onde as atenções se dividem entre duas guerras, mas onde muita gente deposita a esperança de ver semeado um propósito de paz.

Foi, aliás, a pensar na importante reunião que o Centro Regional de Informação das Nações Unidas para a Europa Ocidental (UNRIC) e a UNICEF Portugal se juntaram e lançaram, com a ajuda de várias figuras públicas, de escritores a músicos, de actores a atletas, o desafio de se fazer um apelo pelo fim das guerras. O #JanelaBrancaPelaPaz quis chamar a atenção para o facto de, actualmente, os conflitos afectarem directamente mais de dois mil milhões de pessoas, com quase 120 milhões de deslocados por causa de guerras, mas também outras formas de violência.

E, alertam, além dos cenários de guerra, assiste-se à deterioração do respeito pelos direitos humanos e a um aumento generalizado de violência um pouco por todo o globo, como na Geórgia, onde, após ter sido aprovada uma lei anti-LGBTQ+, uma modelo trans foi esfaqueada até à morte.

Além da comunidade LGBTQ+, os organismos avisam que as mulheres estão entre a franja da população mais fragilizada. E nem é preciso haver guerra. Nesta semana, soube-se que o antigo dono do Harrod's Mohamed Al-Fayed foi acusado de violação por cinco mulheres. Al-Fayed, o pai do namorado da princesa Diana que também morreu no acidente de viação em Paris, faleceu no ano passado, mas só agora os seus crimes foram revelados.

Nos EUA, enquanto o país se prepara para umas eleições que prometem ser renhidas (e a candidata democrata, Kamala Harris, se faz valer de vozes célebres: depois de Taylor Swift, Oprah foi anfitriã de uma ronda de apoio de várias celebridades, de Julia Roberts a Chris Rock), o novelo de abusos em torno de Sean "Diddy" Combs (ou Diddy ou Puff Daddy…) foi desenrolado. O rapper foi detido no início da semana e, em tribunal, foi acusado de conspiração de extorsão, tráfico sexual e transporte para prostituição.

Segundo os procuradores, Combs, de 54 anos, utilizou o império comercial que controlava, incluindo a sua editora discográfica Bad Boy Entertainment, para transportar mulheres e homens através de fronteiras estatais, para participarem em espectáculos sexuais gravados, denominados Freak Offs, aos quais o magnata da música assistia e durante os quais se masturbava. Depois, usava as gravações para os manter em silêncio. "As vítimas não acreditavam que pudessem dizer não a Combs sem porem em risco a sua segurança ou enfrentar mais abusos."

Abusos é do que se queixam os trabalhadores migrantes das empresas de luxo. "Made in Italy: shame in Italy" ("feito em Itália, vergonha em Itália"), gritaram na semana passada, em Genebra, um punhado de trabalhadores migrantes vindos da Toscana, a famosa região de artigos de couro de Itália, à porta da principal loja do fabricante de acessórios de luxo Montblanc, segurando cartazes com o slogan.

Confesso que, nesta altura, é impossível estar a escrever estas linhas sem me sentir desesperançada. No entanto, o Outono chegou. Acabou o Verão. As estações do ano também servem para nos lembrar que nada é definitivo ou imutável.