Sporting recebe uma equipa que já não engana ninguém

Rúben Amorim crê que é difícil entender a Atalanta, e terá razão, mas também reconhecerá que é, nesta fase, uma equipa cujo valor já não engana ninguém.

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Jogadores do Sporting treinam em Alcochete EPA/JOSE SENA GOULAO

Em Itália, um título entre a nata do futebol do país (Taça de Itália), anos e anos de subidas e descidas de divisão e pouca tarimba europeia. Até há alguns anos, esta seria a fotografia futebolística do clube que visita nesta quinta-feira (17h45, SIC) o Estádio de Alvalade, em jogo da fase de grupos da Liga Europa.

Mas, em 2023, a Atalanta é outra – e o valor da equipa já não engana ninguém. Se em 2016, quando pegou na equipa, Gian Piero Gasperini ainda conseguiu surpreender Itália e o mundo, agora já todos desconfiam desta equipa. E com razão.

Para este jogo, o Sporting vai ter pela frente um jogo provavelmente interessante de seguir. E parte do motivo advém desta explicação que Gasperini deu, em 2018, à Gazzetta dello Sport: “Ter superioridade numérica na defesa era visto como um dogma. Há uns anos, pelo Génova, contra a Juventus, percebi que tinha o Burdisso, um marcador muito forte, e deixei-o a ele e ao De Maio contra o Tévez e o Llorente. Ganhei um homem extra que podia entrar nas manobras ofensivas e valeu a pena o risco. Com uma defesa a três posso defender quatro jogadores”, contou.

Serve este relato para enquadrar que a Atalanta é uma equipa que tem, há pelo menos cinco anos, uma predilecção clara por um sistema de três centrais, mas não apenas isso. Trata-se de uma equipa que se predispõe a aplicar zonas de pressão bem altas, com a defesa também ela bastante subida – e que não tem pudor em adoptar referências individuais.

Rúben Amorim, treinador do Sporting, fez questão de lembrar estes traços. “É uma equipa diferente do que já defrontamos e diferente do que há no nosso país e na Europa. Ofensivamente, é difícil entender o padrão com que jogam. Defensivamente, são agressivos e marcam homem a homem. Vai ser um jogo divertido”, apontou.

Daqui advém que haverá um 3x4x3 italiano frente a outro 3x4x3 português, facilitando, por um lado um encaixe das referências de marcação, mas sugerindo, por outro, um jogo de pares sempre perigoso quando a pressão ao portador da bola é batida.

Não será surpreendente um jogo algo partido e não será uma total novidade se o Sporting tiver dificuldades na primeira fase de construção.

Aqui, há uma boa e uma má notícia. A má é que poderá haver gestão física de Coates, vindo de uma pequena lesão, algo que pode levar a equipa a perder liderança, jogo aéreo e força nos momentos de defesa baixa – e eles existirão, porque a Atalanta força-os.

A boa nova é que no momento da construção, com a pressão alta dos italianos, um jogador como Matheus Reis dotaria a equipa de um “perfume” diferente do de Coates, permitindo, com passes verticais e/ou condução de bola, bater as linhas italianas e alimentar os criativos “leoninos”.

Amorim disse que é difícil entender a Atalanta, mas também reconhecerá que é, nesta fase, uma equipa cujo valor já não engana ninguém.

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