No dia em que o meu pai regressou da Guerra Colonial, a minha avó acordou cedo. E, tal como em todos os outros dias, começou a tratar das lides domésticas. Mais ou menos a meio da manhã, quando tudo estava orientado em casa, agarrou na roupa para lavar, colocou-a na cesta que usava à cabeça, e foi até ao chafariz onde, naquela altura, os tanques comunitários faziam a vez de lavandaria. E estava a meio da esfrega quando uma vizinha apareceu, numa correria desenfreada, a gritar: “D. Mariana, D. Mariana, o seu filho voltou da guerra.”