Alcaraz apurou-se para as meias-finais do US Open às 2h50 da madrugada

O adolescente espanhol vai discutir um lugar na final do torneio com o primeiro semifinalista afro-americano desde 1972, Frances Tiafoe.

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Carlos Alcaraz Reuters/Robert Deutsch

Dizer que Carlos Alcaraz derrotou Jannik Sinner e qualificou-se para as meias-finais do US Open é muito pouco para aquilo que os dois jovens fizeram na noite de quarta-feira, em Nova Iorque. Durante mais de cinco horas, ambos protagonizaram um grande espectáculo de ténis, com trocas de bolas a um ritmo alucinante, pontos fabulosos e uma resistência física pouco comum para jogadores da sua idade. Sinner teve um match-point, mas foi Alcaraz a ganhar o último dos 382 pontos disputados no encontro com o final mais tardio na história do US Open desde que se iniciaram as sessões nocturnas, em 1975: 2h50 da madrugada.

Sinner, de 21 anos, e Alcaraz, de 19, procuravam atingir a primeira meia-final de um major na carreira. Sinner igualou o rival na entrega e lutou até ao fim, mas Alcaraz teve mais cabeça para impor-se, por 6-3, 6-7 (7/9), 6-7 (0/7), 7-5 e 6-3, ao fim de cinco horas e 15 minutos – somente menos 11 minutos que o mais longo encontro na centenária história do torneio, entre Stefan Edberg e Michael Chang, em 1992.

“Ainda não sei como fiz. O nível a que joguei, o nível do encontro, a alta qualidade do ténis… foi um encontro inacreditável”, reconheceu Alcaraz.

Das quase quatro centenas de pontos, houve um que sobressaiu e já se tornou viral nas redes sociais: a servir a 5-6 (vantagem), Sinner veio para a rede atrás do serviço, mas viu o ataque com a sua direita devolvido por uma bola do espanhol, batida por detrás das costas. Alcaraz ganhou esse ponto e levou ao rubro (uma vez mais) os milhares de adeptos do Arthur Ashe Stadium, que não se cansaram de apoiar os dois rivais, mas Alcaraz pareceu ser o que soube absorver mais dessa energia.

“Provavelmente noutros torneios, as pessoas teriam ido para casa descansar, mas ficaram no estádio, a apoiar-me, inacreditável. Este torneio é espantoso, o público é espantoso; eu diria, o melhor do mundo”, elogiou o espanhol, um dos três candidatos a surgir, na próxima segunda-feira, no primeiro lugar do ranking mundial.

Alcaraz teve cinco set-points no segundo set e serviu para fechar a terceira partida, sem sucesso. Sinner tomou o controlo e, no quarto set, serviu para fechar o encontro, onde dispôs de um match-point, desperdiçado de forma escandalosa.

“Já tive derrotas duras, claro, mas esta está no topo da lista. Acho que vai doer durante algum tempo”, admitiu Sinner.

Alcaraz tomou aí o ascendente do encontro e numa série de cinco jogos consecutivos fechou a quarta partida. Mas o suspense voltou no set decisivo, quando o italiano “quebrou”, para 3-2. Só que o espanhol devolveu o break de imediato e Sinner que, nesse jogo, serviu a 40-15, ficou destroçado.

“Sempre disse que temos de acreditar em nós próprios. A esperança é a última coisa a perder. Acreditei em mim, acreditei no meu jogo”, resumiu o vencedor.

Aos 19 anos, Alcaraz é o mais novo semifinalista em torneios do Grand Slam desde 2005, quando Rafael Nadal ganhou pela primeira vez em Roland Garros. No US Open, é o mais jovem semifinalista desde 1990 (Pete Sampras).

Na meia-final, os fãs nova-iorquinos não estarão incondicionalmente do lado de Alcaraz, pois vai defrontar Frances Tiafoe (26.º), o primeiro semifinalista masculino dos EUA desde Andy Roddick, em 2006.

Tiafoe confirmou que a vitória sobre Nadal não foi por acaso e eliminou o russo Andrey Rublev (11.º), por 7-6 (7/3), 7-6 (7/0) e 6-4. “Todos têm um dom, só temos que o aceitar de forma séria”, afirmou o primeiro semifinalista afro-americano no quadro masculino desde Arthur Ashe, em 1972.

A sessão nocturna de quarta-feira começou com Iga Swiatek a garantir a passagem às meias-finais. Apesar dos 32 erros não forçados, a número um do ranking derrotou a número um dos EUA, Jessica Pegula (8.ª), por 6-3, 7-6 (7/4), num encontro onde se registaram 13 breaks.

Na noite de quinta-feira, Swiatek decidia um lugar na final com Aryna Sabalenka (6.ª), depois de, na primeira meia-final, Ons Jabeur (5.ª) defrontar Caroline Garcia (17.ª).

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