Sintomas da Ómicron são diferentes dos da Delta, diz médica que identificou primeiros casos

Ainda é cedo para ter certezas, mas, segundo a experiência de Angelique Coetzee, os sintomas manifestam-se de forma menos grave.

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NIHARIKA KULKARNI/Reuters

É muito cedo para tirar conclusões sobre a agressividade ou resistência da nova variante, detectada este mês na África do Sul, mas discute-se já a possibilidade de a doença se manifestar de forma diferente e menos grave. Os sintomas iniciais de quem tem uma infecção pelo novo coronavírus com a estirpe Ómicron parecem ser diferentes dos associados à variante Delta, identificada pela primeira vez na Índia e que é dominante em grande parte do mundo.

Estas informações foram avançadas esta segunda-feira por Angelique Coetzee, a primeira médica a alertar os cientistas do Governo sul-africano para o facto de que o mundo poderia estar perante uma nova variante do SARS-CoV-2.

Segundo a experiência da médica, os doentes que contraem uma infecção relacionada com esta nova variante queixam-se de fadiga, dores de cabeça e no corpo, dores de garganta ocasionais e tosse. No caso da variante Delta é comum os doentes terem pulsações elevadas, baixos níveis de oxigénio e perda de olfacto e paladar.

Ao contrário da Delta, por exemplo, os doentes infectados com a nova estirpe do coronavírus aparentemente não chegam aos serviços de saúde com as mesmas queixas.

Coetzee, que também é presidente da Associação Médica da África do Sul (SAMA), já tinha dito neste domingo ao jornal britânico The Telegraph que os sintomas são moderados, embora invulgares. Mas é cedo para certezas. Segundo a Organização Mundial da Saúde, ainda não se sabe se esta variante é mais transmissível, nem se causa sintomas mais ligeiros ou mais graves.

Queixa mais comum: fadiga severa durante um ou dois dias

Angelique Coetzee explicou que o primeiro caso foi detectado num homem de 30 anos que se queixava de cansaço e dores de cabeça moderadas. O paciente não reportava qualquer outro sintoma associado à covid-19. “Os sintomas [de pacientes como Ómicron] eram muito diferentes e moderados, comparativamente aos que tenho tratado no passado”, disse Coetzee, citada pela Bloomberg.

A médica começou a admitir a possibilidade de estar perante uma nova variante no começo de Novembro. Depois de semanas com poucos doentes com covid-19 a entrar no seu consultório em Pretória, a capital e epicentro do actual aumento de casos na África do Sul, Coetzee disse que, de repente, começou a receber dezenas de pessoas a queixarem-se destes sintomas. A médica informou de imediato os cientistas e especialistas que aconselham o Governo e, na semana seguinte, os laboratórios já tinham identificado a nova variante.

“Achei que estes sintomas tão diferentes não podiam estar ligados à variante Delta”, disse a médica. “Não acho [que a variante] vá desaparecer, mas acho que causará uma doença ligeira. Pelo menos é o que espero. Por agora, estamos confiantes de que podemos lidar com isto.”

Desde que a variante foi identificada, Coetzee já seguiu cerca de duas dúzias de pacientes com infecções relacionadas com a Ómicron. Na maioria, são homens saudáveis que reportam um cansaço fora do normal e cerca de metade dos doentes não tinham sido vacinados. “A queixa clínica mais predominante é a fadiga severa durante um ou dois dias. Com estes sintomas há também dor de cabeça e dores no corpo.”

Coetzee diz que a atenção se deve centrar no impacto da Ómicron na população mais velha, especialmente em casos de pessoas não vacinadas. “Se não forem vacinadas, vamos ver muitas pessoas com uma grave [forma da] doença”, avançou ao The Telegraph

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