O que aconteceu a Clarice depois de “O Silêncio dos Inocentes”?

A resposta chega no dia 19, às 22h15, com a estreia de “Clarice” na FOX. A personagem eternizada por Jodie Foster no cinema tem agora uma série em nome próprio.

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Quando, n’“O Silêncio dos Inocentes”, Hannibal Lecter, interpretado por Anthony Hopkins, se despede de Clarice Starling, a icónica personagem de Jodie Foster, muitos acharam que seria para sempre. O ciclo fechava, aliás, com chave de ouro: o filme realizado por Jonathan Demme foi o terceiro, na história dos Óscares, a arrecadar estatuetas nas cinco principais categorias. “O Silêncio dos Inocentes” venceu na cerimónia, em 1992, os prémios de Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Actor Principal, Melhor Actriz Principal e Melhor Argumento (Adaptado). Nenhum outro filme foi capaz de repetir esse feito entretanto.

“O Silêncio dos Inocentes” é um marco para a história do cinema e acabou por influenciar, como referência, aquilo em que se transformaram os thrillers criminais – e até onde estes podiam chegar. Apesar de outras incursões narrativas dentro do universo do filme, entre prequelas e sequelas, a verdade é que a referência a Clarice Starling nos remete imediatamente para o clássico de 1991.

Trinta anos depois deste verdadeiro acontecimento cinematográfico, é caso para dizer que quem espera sempre alcança: a icónica Clarice M. Starling está de regresso e com pompa e circunstância. “Clarice” estreia em Portugal dia 19, na FOX, com episódio duplo, e recupera a história da agente do FBI, um ano depois de ter posto termo à série de assassínios de Buffalo Bill.

A protagonista desta nova jornada é a actriz Rebecca Breeds, mais conhecida por séries como “Pretty Little Liars” e “The Originals”. Com a sua Clarice regressam, entre outros, Catherine Martin (Marnee Carpenter), a última vítima de Buffalo Bill, e a sua mãe Ruth Martin (Jayne Atkinson).

Será que Clarice continua a ouvir os cordeiros?

Um dos principais traumas de Clarice Starling está relacionado com a passagem por um rancho de familiares, na sequência da morte do pai, aos 10 anos. Ali, os cordeiros eram mortos, sendo que, numa das suas memórias, Clarice acordava com os gritos desesperantes destes animais e acabava por tentar fugir com um deles, sem sucesso. No título original, o filme de 1991 recebeu o nome de “The Silence of the Lambs”, algo que, traduzido literalmente, significaria “O Silêncio dos Cordeiros”.​

Clarice teve de contar esta história a Hannibal Lecter na sequência do seu acordo quid pro quo. Em troca de informações sobre o assassino canibal sobre Buffalo Bill, que o FBI tentava travar, Clarice tinha de responder a perguntas acerca do seu passado. A jovem agente confirmou, também, que ainda acordava sobressaltada com estes gritos. Ficava então, no ar, a dúvida se a detenção do homicida contribuiria para acalmar as suas noites. Esta questão serve, ainda, de metáfora à dualidade entre a sua vulnerabilidade e a força com que encara o seu sentido de missão, o que é, aliás, uma constante ao longo de “O Silêncio dos Inocentes”.

A construção do perfil da protagonista, aparentemente frágil mas com uma capacidade de análise fora do comum, deixou muitas pontas soltas... Que “Clarice” procura agora visitar, com a abordagem individual de um dos membros mais recentes do FBI, que ascendeu ao estatuto de celebridade depois de resolver o caso do Buffalo Bill. Ainda assim, toda a situação afectou Clarice, que tem de equilibrar novos desafios profissionais com o trauma recente e os traumas do seu passado, muitos deles ainda desconhecidos para a audiência.

Os monstros continuam à solta

Mas não são apenas os “monstros” do passado que atormentam Clarice Starling. Há mais assassinos temíveis em liberdade e a agente é um dos nomes escolhidos para os travar. Em 1993, um ano depois do final da acção d’“O Silêncio dos Inocentes”, Clarice é transferida do Laboratório de Ciência Comportamental para o Programa de Apreensão de Criminosos Violentos do FBI, formado pela procuradora-geral Ruth Martin, a mãe de Catherine, resgatada graças à agente do FBI.​

Estamos perante uma série de crime e procedural, ainda que aliada a uma forte componente de drama emocional e psicológico, relacionado com a percepção da vida pessoal de Clarice. Um mistério lançado há 30 anos que, com a estreia da série na FOX, vão encontrar algumas respostas.

A versatilidade de “Clarice” resulta da capacidade de equilibrar os dois lados da história: um mistério por episódio para resolver e a protagonista enquanto individualidade. A agente apresenta-se como uma mistura de brilhantismo e fragilidade, que tem finalmente um “palco” para crescer e, assim, se revelar ao espectador. Além deste importante fio condutor, destaca-se igualmente a irreverência de Clarice, uma mulher que tenta vingar num mundo dominado por homens, e o facto de continuar a atrair os “monstros” mais torturantes e sangrentos. Conseguirá escapar a tantos obstáculos?

Esta série é uma criação de Alex Kurtzman (Sleepy Hollow e universo Star Trek: Discovery) e Jenny Lumet (Star Trek: Strange New Worlds), numa produção da MGM Television e dos CBS Studios, em colaboração com a Secret Hideout. No elenco, destacam-se ainda Michael Cudlitz, Nick Sandow, Devyn A. Tyler, Kal Penn e Lucca De Oliveira, entre outros.

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D.R.