Depois de George Floyd, polícia do Minnesota responde pela morte de Daunte Wright
Jovem de 20 anos foi baleado no domingo, durante uma operação de trânsito nos arredores de Mineápolis, onde o ex-agente Derek Chauvin está a ser julgado pelo homicídio de George Floyd.
Um jovem afro-americano de 20 anos foi baleado e morreu durante uma operação da polícia no estado norte-americano do Minnesota, na tarde de domingo, a poucos quilómetros do tribunal onde decorre o julgamento do homicídio de George Floyd.
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Um jovem afro-americano de 20 anos foi baleado e morreu durante uma operação da polícia no estado norte-americano do Minnesota, na tarde de domingo, a poucos quilómetros do tribunal onde decorre o julgamento do homicídio de George Floyd.
As autoridades da cidade de Brooklyn Center – 15 quilómetros a norte de Mineápolis – decretaram o recolher obrigatório até à madrugada desta segunda-feira, na sequência de confrontos entre a polícia antimotim e centenas de manifestantes.
“O recolher obrigatório vai estar em vigor até às 6h [12h em Portugal continental]. Queremos garantir a segurança de todas as pessoas. Por favor, regressem a casa”, disse o presidente da Câmara de Brooklyn Center, Mike Elliott.
O governador do Minnesota, Tim Waltz, disse que está a acompanhar a situação e lamentou “mais uma vida de um homem negro tirada pelas forças de segurança”, quase um ano depois de a morte de George Floyd, em Mineápolis, ter suscitado os maiores protestos anti-racismo e contra a violência policial nos EUA desde a década de 60.
“Pretexto”
O caso aconteceu às 14h de domingo, quando a polícia mandou parar o veículo de Daunte Wright, em Broklyn Center, por uma violação das regras de trânsito.
Segundo a mãe de Wright, o jovem foi mandado parar por circular no automóvel com um objecto pendurado no espelho retrovisor – uma infracção no estado do Minnesota que, segundo a organização de defesa dos direitos civis ACLU, é usada como “um pretexto para mandar parar jovens negros”.
De acordo com a polícia de Brooklyn Center, os agentes determinaram no local que havia um mandado de captura em nome de Daunte Wright, por motivos não-especificados.
Num comunicado, a ACLU avança que o mandado “parece ser referente a um delito sem especial gravidade”, o que pode incluir o desconhecimento de uma ordem inicial para comparecer em tribunal.
Ainda de acordo com a polícia, Daunte Wright recebeu ordem de detenção por causa do mandado que estava em seu nome, mas voltou a entrar no automóvel. Um dos agentes disparou e atingiu Wright, que ainda conduziu durante uma curta distância até se envolver num acidente com outro veículo. O óbito foi declarado no local do acidente.
A mãe de Daunte Wright, Katie Wright, disse aos jornalistas que estava ao telefone com o filho quando tudo aconteceu.
“Ouvi uma pequena luta e depois ouvi um polícia a dizer: ‘Daunte, não corras!’ e ‘larga o telefone!’, e depois a chamada caiu”, disse Katie Wright. “Um minuto depois, voltei a telefonar e a namorada dele atendeu – ela ia no lugar do passageiro – e disse que ele tinha sido abatido. Virou o telefone para o lugar do condutor e vi o meu filho sem vida.”
A polícia de Brooklyn Center não avançou mais pormenores sobre o caso. Segundo os jornais locais, é provável que tudo tenha sido captado pelas imagens das câmaras de vigilância dos agentes e do carro-patrulha.
Protestos e recolher obrigatório
Depois da notícia da morte de Daunte Wright, centenas de pessoas juntaram-se para protestar no cruzamento onde a polícia disparou contra o jovem. Nos vídeos partilhados nas redes sociais vêem-se alguns manifestantes a saltarem em cima de um carro-patrulha perante o avanço da polícia antimotim.
Mais tarde, ao início da noite, os protestos concentraram-se em frente à esquadra principal de Brooklyn Center. Nas horas seguintes, até à declaração do recolher obrigatório, a polícia usou gás lacrimogéneo para manter os manifestantes afastados do edifício. Foram também registados alguns assaltos a estabelecimentos comerciais.
A morte de Daunte Wright acontece poucas horas antes do arranque da terceira semana do julgamento de Derek Chauvin, o agente da polícia de Mineápolis acusado de matar George Floyd.