Que as televisões e as rádios estão enxameadas de políticos, a expenderem opiniões como se fossem muito independentes e não tivessem quaisquer interesses nos assuntos que comentam, já toda a gente sabe. O Expresso até fez um famoso artigo em Março de 2019 que procedia à contagem das cabeças e concluía que “95 políticos” tinham “lugar cativo na rádio, televisão e imprensa”. Há, contudo, uma conta que ainda ninguém fez, e que em parte se sobrepõe a essa, mas não completamente: quantos são os grandes advogados com escritório aberto que têm espaço recorrente na rádio, na televisão e na imprensa? Diria que o número é igualmente avassalador, e que também ele levanta problemas quanto à salubridade opinativa do regime, sobretudo quando os temas abordados por tais comentadores incidem sobre a movimentadíssima esquina onde se cruza a justiça portuguesa, o mundo da política e as grandes empresas.
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Que as televisões e as rádios estão enxameadas de políticos, a expenderem opiniões como se fossem muito independentes e não tivessem quaisquer interesses nos assuntos que comentam, já toda a gente sabe. O Expresso até fez um famoso artigo em Março de 2019 que procedia à contagem das cabeças e concluía que “95 políticos” tinham “lugar cativo na rádio, televisão e imprensa”. Há, contudo, uma conta que ainda ninguém fez, e que em parte se sobrepõe a essa, mas não completamente: quantos são os grandes advogados com escritório aberto que têm espaço recorrente na rádio, na televisão e na imprensa? Diria que o número é igualmente avassalador, e que também ele levanta problemas quanto à salubridade opinativa do regime, sobretudo quando os temas abordados por tais comentadores incidem sobre a movimentadíssima esquina onde se cruza a justiça portuguesa, o mundo da política e as grandes empresas.