Rio reconhece resultado de 20% como “muito mau” e não garante que fica como deputado
Líder social-democrata, em entrevista à Antena 1, considerou uma eventual maioria absoluta do PS como um obstáculo às reformas estruturais.
Rui Rio admitiu, em entrevista à Antena 1, que um resultado “baixíssimo” do PSD nas próximas legislativas coloca em causa a sua liderança no partido. Mas, como qualquer político em momento pré-eleitoral, não foi explícito sobre essa fasquia eleitoral. Só deixou uma certeza: “Obviamente que 20% era muito mau”.
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Rui Rio admitiu, em entrevista à Antena 1, que um resultado “baixíssimo” do PSD nas próximas legislativas coloca em causa a sua liderança no partido. Mas, como qualquer político em momento pré-eleitoral, não foi explícito sobre essa fasquia eleitoral. Só deixou uma certeza: “Obviamente que 20% era muito mau”.
Com as últimas sondagens que dão ao PSD valores entre os 20% e os 23%, o líder do PSD assegura que, se não ganhar as eleições, toma posse como deputado mas não assegura o cumprimento do mandato: “Depois vejo”. Para Rui Rio, é evidente que a sua liderança se joga nestas eleições: “Se o PSD tivesse um resultado baixíssimo obviamente o que é que uma pessoa fica lá a fazer?”.
A resposta em jeito de pergunta surge já no final da entrevista, que começou por explorar qual o resultado com que o PSD se sente confortável para tentar influenciar as políticas do próximo Governo e para fazer compromissos com o PS. Rui Rio preferiu assinalar que o “compromisso preferencial é com o CDS”, que é “histórico”, e não voltou a repetir a ideia (que deixou por exemplo na entrevista à TVI há duas semanas) de que é preciso “um acordo no Parlamento que dê ao país a oportunidade de fazer as reformas estruturais” mesmo em caso de derrota eleitoral do PSD.
Questionado sobre se há interesse nacional em fazer acordos com o PS, Rio alarga o âmbito desses compromissos a “todos os partidos” embora depois reconheça que as “reformas de fundo” exigem as duas maiores forças políticas – PS e PSD. É nesse sentido que Rio assume não desejar uma maioria absoluta do PS – “Ui, não, não, nem pensar” – por considerar que “seria um obstáculo” ao seu entendimento sobre o que o “país precisa”. O que defende é que “o poder político tenha a força necessária e a coragem necessária” para fazer as reformas inadiáveis. O líder social-democrata assume que essa sua convicção sobre a necessidade de compromissos em nome de reformas estruturais é compreendida pelo eleitorado social-democrata mas não é bem vista pela “massa associativa” do PSD.
Entre as reformas que apontou como essenciais está a do sistema político, da segurança social e a da justiça. Neste campo assumiu a necessidade de uma revisão constitucional para concretizar uma das alterações que propõe – a possibilidade de o Presidente da República nomear elementos para o Conselho Superior da Magistratura. A recomposição deste órgão para permitir que tenha uma maioria de não magistrados – que é proposta pelo PSD - foi precisamente a solução que António Costa, líder do PS, fez questão de rejeitar numa entrevista à SIC, um dia depois de Rio ter dado sinais claros do desejo de assumir compromissos com os socialistas para as reformas estruturais.
Aos microfones da Antena 1, Rui Rio também explicitou a sua proposta para os círculos eleitorais – reduzindo os maiores como o de Lisboa e do Porto – mas salvaguardando sempre que não é uma solução “fechada”. O líder do PSD deixa, assim, a porta aberta a eventuais conversações no futuro.