“Ataque” na Holanda faz três mortos. Três suspeitos detidos
Nível de alerta máximo foi revisto: voltou ao nível 4, o segundo mais grave de uma escala de cinco.
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O que se sabe:
- Homem disparou de forma indiscriminada num eléctrico, em Utreque
- Há três mortos e pelo menos cinco feridos
- O atacante pôs-se em fuga de carro, mas já foi detido
- O segundo homem detido é suspeito de estar envolvido nos eventos de segunda-feira
- Ao início da noite foi detido um terceiro suspeito
- O principal suspeito é Gökmen Tanis, homem de 37 anos, de origem turca
- A polícia admite ataque terrorista
- Nível de alerta máximo foi revisto: voltou ao nível 4, o segundo mais grave de uma escala de cinco
- Durante a manhã, escolas foram encerradas e segurança foi reforçada na sede do Governo. A ordem foi entretanto retirada
Pelo menos três pessoas morreram e cinco ficaram feridas num ataque na cidade holandesa de Utreque, na manhã desta segunda-feira. O atacante disparou contra as vítimas num eléctrico e já foi detido, de acordo com o presidente da câmara de Utreque: é Gökmen Tanis, um homem de 37 anos, nascido na Turquia, com antecedentes criminais por tentativa de homicídio e violação, de acordo com o site da televisão pública NOS.
O presidente da câmara de Utreque, Jan van Zanen, confirmou, na mesma conferência de imprensa, que há pelo menos três feridos com gravidade. “Hoje foi um dia negro para a nossa cidade, Utreque. Os utentes do eléctrico, incautos e inocentes, foram atacados enquanto se dirigiam para o trabalho ou para a escola. O facto de este dia ter corrido de uma forma cruelmente diferente daquilo que toda a gente previu é chocante para a cidade, mas também lá fora.”
O primeiro-ministro, Mark Rutte, que deu uma conferência de imprensa pouco depois do autarca de Utreque, não hesitou em usar a palavra “ataque” para descrever o sucedido, apesar de ainda se desconhecerem muitos pormenores: “Ainda há muitas questões e rumores. Ainda não são claras as motivações do atacante”. Apesar das interrogações, o primeiro-ministro não quer minimizar a importância dos acontecimentos.
No decorrer da tarde, Mark Rutte não confirmou se as acções de campanha serão retomadas pelos partidos na terça-feira. Ainda assim, o primeiro-ministro afirmou que as eleições parlamentares se irão realizar como previstas, na quarta-feira.
Também Ferdinand Grapperhaus, ministro da Justiça holandês, esteve na conferência de imprensa ao lado do primeiro-ministro. Grapperhaus não afastou a possibilidade de haver mais do que um atacante e confirmou que Tanis já era conhecido das autoridades. “Felizmente, conseguimos encontrar o principal suspeito, agora temos de aguardar pela investigação”.
O nível de alerta para casos de terrorismo foi colocado no máximo durante uma grande parte do dia, mas entretanto já voltou ao nível 4, o segundo mais grave de uma escala de cinco – tal como estava a 11 de Março, de acordo com o site da agência holandesa de combate ao terrorismo. “Ainda que não tenha havido uma ameaça concreta até à data, os membros do movimento jihadista ainda estão envolvidos no planeamento de ataques na Holanda. Esta é uma das razões principais que fazem com que o alerta se mantenha no 4 (numa escala de 1 a 5). A hipótese de um ataque na Holanda é real”, lê-se no site.
Durante a manhã, as autoridades encerraram escolas e universidades e pediram aos moradores de Utreque que não saíssem de casa. Essa ordem foi entretanto retirada.
Atacante em fuga
Segundo o site da agência NU.nl, uma testemunha disse ter visto um homem “a disparar de forma indiscriminada”, e que depois “fugiu de carro”. “O maquinista não conseguiu abrir as portas de imediato, mas dois homens que estavam ao meu lado partiram uma janela e conseguimos sair”, disse outra testemunha.
A polícia ainda não confirmou o número de feridos. A vítima mortal será uma mulher de “25 a 30 anos”, disse uma outra testemunha, Jimmy de Koster, à RTV Utrecht. “Ouvi três tiros e quatro pessoas correram na direcção dela, para a tirar de lá. Depois ouvi mais tiros e as pessoas largaram-na. Foi um caos.”
Foram enviados para o local três helicópteros e a área onde aconteceu o tiroteio, na Praça de Outubro, foi encerrada ao trânsito.
A segurança dos edifícios do Governo, em Haia, foi reforçada, e as escolas receberam ordens para fechar as portas. A Universidade de Utreque esteve encerrada durante várias horas e o ambiente era “caótico”, como descreveu Clara Mendes, uma portuguesa a estudar naquela universidade.
“Não é muito longe [do local do atentado], são uns 15 minutos a pé. Estou fechada numa sala com alguns amigos”, disse ao PÚBLICO, enquanto a universidade ainda estava encerrada. “Parece tudo um bocado caótico porque já tentaram falar pelos intercomunicadores várias vezes. Entretanto, veio aqui um segurança fechar as cortinas das janelas e dizer que o alerta era muito sério.”
De acordo com a estudante, não foi lançada pelas autoridades qualquer recomendação de segurança extraordinária nos dias que antecederam o ataque: “Foi totalmente inesperado.”