Mãe alemã explorou o filho junto de rede de pedófilos

Berrin T, de 48 anos, fazia parte de uma rede de pedofilia online, junto com o seu namorado, onde permitia o abuso do seu filho de nove anos por pedófilos de vários países a troco de dinheiro. Casal condenado a 12 anos de prisão.

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A mãe, Berrin T., acusada de prostituição infantil à chegada ao Tribunal de Freiburg LUSA/RONALD WITTEK / POOL
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Christian L., sentenciado a 12 anos de prisão pelo Tribunal de Freiburg por abuso sexual de menores LUSA/RONALD WITTEK / POOL

Uma mulher alemã, de 48 anos, foi condenada a 12 anos e meio de prisão por forçar à prostituição o filho de nove anos. Juntamente com o seu companheiro, de 39 anos, fazia parte de uma rede de pedofilia na Internet onde, em troca de dinheiro, permitia que a criança fosse abusada sexualmente por pedófilos de vários países europeus.

A mulher, à qual os meios de comunicação se referem como Berrin T., vivia com o seu namorado, Christian L., em Staufen, perto da cidade de Freiburg, no Sul da Alemanha. Além de confessarem terem prostituído a criança junto de pedófilos através da dark web durante um período de dois anos, desde 2015, admitiram ainda terem abusado eles próprios do rapaz.

O tribunal de Freiburg condenou, nesta terça-feira, a mulher a 12 anos e meio de prisão, enquanto Christian L. – que já tinha sido condenado no passado por abuso infantil – foi sentenciado a uma pena de 12 anos seguidos de prisão preventiva.

O julgamento começou em Junho, quando a criança tinha nove anos de idade. O casal foi acusado de quase 60 crimes, incluindo prostituição forçada, abuso sexual agravado, violação, intimidação verbal, escravidão e distribuição de pornografia infantil e terá de pagar ainda uma indemnização no valor de 42.500 euros por danos ao rapaz e a uma menina de três anos, que também terá sido alvo de abusos, de acordo com a o site noticioso britânico BBC News.

As autoridades alemãs afirmam que este é um dos mais horríveis casos de abuso infantil que já testemunharam, com a mãe a servir de cúmplice de alguns dos mais violentos crimes de violação sexual, segundo a emissora alemã Deutsche Welle.

A polícia descobriu a rede de pedofilia em Setembro de 2017, após uma denúncia anónima. O caso levou ao julgamento de mais seis homens, sentenciados a penas de prisão compreendidas entre os oito e os dez anos. Entre eles encontram-se um militar do Exército alemão acusado de violar a criança e divulgar os vídeos online; um homem de 44 anos que terá questionado sobre a possibilidade de o violar e, de seguida, matar; um homem suíço que afirma ter pago 50 euros ao casal para abusar sexualmente do rapaz, e um outro cidadão espanhol, avança a emissora alemã. 

Durante o seu testemunho em tribunal, Christian L. confessou ser a “força impulsionadora” por trás dos crimes, citado pela Deutsche Welle. Quanto à mãe, Hartmut Pleines, especialista em psiquiatria, afirmou que a mulher exibe uma capacidade subdesenvolvida de compaixão, acrescentando que seria improvável que ela tivesse sido coagida pelo companheiro a cometer os crimes.

Wilhelm Rörig, representante especial do Governo alemão para casos de abuso sexual de menores, disse à emissora local Südwestrundfunk (SWR) que as falhas ao nível burocrático que permitiram que o abuso infantil continuasse durante todo aquele tempo precisam de ser “escrutinadas implacavelmente”. Acrescentou ainda que o caso mostra que “nem mesmo os tribunais de família [e menores] estão livres de erros” e pediu medidas de reforço legais para o combate a crimes de abuso infantil e protecção de menores. O caso suscitou um debate público sobre o fracasso das autoridades, que permitiram que uma criança de nove anos vivesse durante dois anos na mesma casa que Christian L., um abusador sexual pedófilo já condenado anteriormente.

Em Março de 2017, a criança ficou sob custódia dos serviços de assistência social locais, quando se tomou conhecimento de que Christian L. – que estava proibido de se aproximar de crianças desde que foi libertado em 2014 por outros crimes de abuso infantil – estava a viver na mesma casa que o rapaz. A mãe chegou a testemunhar em tribunal, mas ganhou de volta a custódia da criança, que continuou a viver nas mesmas condições. Foi então que a escola onde a criança estudava deu o alarme para um possível caso de abuso sexual, mas os serviços de assistência social consideraram as alegações demasiado vagas até que, em Setembro de 2017, uma denúncia anónima levou à investigação. O rapaz, agora com dez anos, está actualmente a viver com uma família adoptiva e, segundo o seu advogado, “encontra-se bem, tendo em conta as circunstâncias”.

Para aceder à dark web, onde a mãe vendia o filho para a prostituição, é necessário um software especializado, não sendo possível aceder a estes websites através de motores de busca como o Google ou o Yahoo. É um espaço “escondido” da Internet, muitas vezes usado para negócios ilegais e outros crimes.

Texto editado por Nicolau Ferreira

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