DBRS sobe rating, Moody’s ainda mantém “lixo”

Agência canadiana afastou a classificação que atribui a Portugal ainda mais da zona de perigo. Já a Moody’s vai continuar a ser, nos próximos seis meses, a única agência a manter Portugal abaixo do “grau de investimento”.

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Subidas dos ratings têm ajudado Mário Centeno a baixar despesa com juros Miguel Manso

Duas agências, no mesmo dia, mostraram níveis diferentes de confiança na sustentabilidade dos resultados económicos e orçamentais registados em Portugal nos últimos meses.

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Duas agências, no mesmo dia, mostraram níveis diferentes de confiança na sustentabilidade dos resultados económicos e orçamentais registados em Portugal nos últimos meses.

A canadiana DBRS, a única entre as usadas pelo Banco Central Europeu (BCE) que nunca colocou Portugal fora do “grau de investimento”, voltou a dar uma prova de confiança e decidiu subir o rating português de BBB- para BBB, já dois níveis acima do nível “lixo”.

Mas a Moody’s, uma das três maiores agências internacionais, optou por ser mais prudente e não fez qualquer alteração ao rating português, mantendo-o o degrau imediatamente abaixo do “grau de investimento” e portanto ainda colocado numa zona normalmente denominada no mercado como “lixo”´.

Na nota em que anunciou a subida da classificação, a DBRS deu como principal justificação “a melhoria do cenário para a sustentabilidade da dívida pública”. “A melhoria nas finanças públicas portuguesas tornou-se mais duradoura, o que está a apoiar a trajectória descendente emergente no rácio de dívida pública”, diz a DBRS, que assinala ainda o ritmo de crescimento registado na economia e a diminuição do crédito mal parado como factores favoráveis para a análise.

Depois de atingir em 2016 um novo máximo, a dívida pública portuguesa registou em 2017 uma descida para 125,7% do PIB e o Governo está a assumir para 2018 uma nova queda para 122,2%, num cenário em que a economia cresce acima dos 2% e o saldo orçamental anual aproxima-se do equilíbrio.

Se para a DBRS estes números foram suficientes para subir ainda mais o rating português, para a Moody’s não chegaram para fazer a classificação atribuída a Portugal sair do “lixo”. 

Depois de, no passado mês de Outubro, ter anunciado que a tendência do rating português passava a ser positiva, a Moody’s tinha esta sexta-feira, 20 de Abril, a primeira oportunidade de subir a classificação atribuída ao país, mas optou por não o fazer.

A Moody’s continua assim a ser, entre as três principais agências, a única que mantém Portugal em “lixo”, o que significa um aviso de existência de um risco elevado a quem pense em comprar dívida do país.

Em Setembro do ano passado, a Standard & Poor’s subiu o rating português de BB+ para BBB-, o primeiro nível situado em “grau de investimento”. E três meses depois, em Dezembro, foi a vez da Fitch passar de BB+ para BBB, dois níveis acima de “lixo”

Havia alguma expectativa nos mercados que a Moody’s pudesse esta sexta-feira seguir o mesmo caminho das outras agências, até porque nos últimos seis meses, o desempenho económico e orçamental do país ficou acima do que eram as expectativas da própria agência, nomeadamente com taxas de crescimento mais elevadas, défices mais reduzidos e uma trajectória da dívida pública mais favorável.

No entanto, quando anunciou em Outubro a passagem do rating português para uma tendência positiva (o que é visto como uma preparação para a subida do rating) a Moody’s já tinha avisado que uma decisão apenas seria tomada “durante os próximos 12 a 18 meses, e muito possivelmente 12 meses”.

Isto significa que, o mais provável é que uma decisão de subida do rating por parte da Moody’s, a acontecer, ocorra no dia 12 de Outubro, a próxima data em que a agência se pode pronunciar sobre Portugal.

No relatório de Outubro do ano passado, a Moody’s escreveu que uma subida de rating acontecerá se concluir que “as tendências económica e orçamental positivas são provavelmente sustentáveis e que o elevado peso da dívida irá apresentar uma tendência estável e descendente”.

Para Portugal, ter as três principais agências (mais a DBRS) a atribuírem um “grau de investimento” permitiria alargar ainda mais a base de investidores que podem adquirir dívida do país, acentuando a conjuntura de taxas de juro mais baixas de que Portugal já tem vindo a beneficiar nos últimos meses.