Andante deve estar disponível no telemóvel já em Abril
Transportes intermodais do Porto estão satisfeitos com a evolução dos testes na aplicação. Telemóveis da Apple ficam de fora, para já, por questões tecnológicas.
À primeira vista funciona tudo bem. Aberta a aplicação, basta encostar o telemóvel ao validador e iniciar viagem no metro do Porto, num comboio urbano da CP ou num autocarro com tarifário Andante. No ecrã, o percurso vai sendo registado, estação a estação, ou paragem a paragem, e não é preciso fazer nada ao sair, pois ao nosso afastamento do veículo a viagem é dada como terminada. A partir de Abril, quem tiver um telemóvel Android vai poder deixar de usar cartões para viajar nos transportes do Porto, e paga no fim do mês. O Anda até pode tornar a nossa mobilidade mais barata, promete a empresa Transportes Intermodais do Porto (TIP).
O Anda foi apresentado nesta segunda-feira à imprensa, mas já anda no bolso de 25 utilizadores há quase um ano. Nas vésperas da última fase de testes e afinações, o administrador do TIP, João Marrana, admitiu que tudo deve estar a postos para a disponibilização desta alternativa aos clientes já em Abril, mas revelou que isso não abrangerá os detentores de telemóveis da Apple, empresa que tem bloqueada, no Iphone, a possibilidade de usar o protocolo de comunicações de curta distância NFC para esta e outras finalidades. A TIP está a negociar com a empresa de Cuppertino, que já abriu o NFC a parceiros externos no Japão, explicou, para que o novo Andante no telemóvel possa chegar a cerca de um terço dos utilizadores da rede de metro que se estima serem detentores de dispositivos daquela marca.
Os outros dois terços podem usá-lo mal a app esteja disponível desde que tenham um dispositivo com a versão 5.0 do sistema operativo Android e, claro, tecnologia NFC e bluethooth ligados. É através destes que o smartphone comunicará com os dispositivos instalados nos validores e noutros pontos das estações e veículos, e que servem para dar conta do percurso feito por cada cliente. No início dos testes, a ideia passava por eliminar o gesto de validação, junto às máquinas, mas a TIP, pela experiência dos primeiros utilizadores, acabou por manter esse passo. Assim, em vez de um cartão, quem optar pela app terá de aproximar um telemóvel dos validadores e seguir viagem. Depois, é esperar pela conta no final do mês.
E quais as vantagens disto? A Estudante Sofia Tojal está a experimentar a aplicação no percurso entre Gaia e o pólo da Asprela, no Porto, para o qual compra mensalmente um passe Z3, com desconto para estudantes. Acontece que, em alguns dias, acaba por ter aulas num edifício a uma distância menor, a que chegaria com um Z2. “Estou a pagar a mais sem ser preciso”, explica. O Anda promete fazer-lhe as contas e cobrar o preço mais favorável ao cliente, e João Marrana deu disso um exemplo prático. Um cliente que use uma assinatura normal de duas zonas para as deslocações casa / trabalho (30,60 euros) e tenha de comprar oito títulos de viagem Z2 para quatro idas ao Hospital de S. João (9,60 euros), num determinado mês pagará não os 40,20 previsíveis mas 37,65 euros, pois a aplicação calculará que lhe fica mais barato pagar, nesse mês, um passe Z3, que custa esse valor.
Emília Gomes, 53 anos, faz o mesmo percurso diariamente entre Águas Santas (Maia) e o Pólo da Asprela, no Porto, e assume que, mesmo quando as contas são simplesmente iguais às que teria comprando um passe, outro tipo de comodidades, como o pós-pagamento, a possibilidade de escapar a filas para o carregamento, a despreocupação face ao desenho e zonamento de toda a rede, já a convenceu a desmaterializar o Andante. Uma medida que, se for massificada, resultará também numa diminuição dos cartões em papel, objectivo para o qual concorrerá uma segunda aplicação, em desenvolvimento, que mantém um modelo de pré-pagamento de viagens e é mais direccionada para turistas, dado que não implicará um registo prévio e associação de conta bancária, como o Anda.