Polícia dos EUA matou duas pessoas por dia este ano
Menos de 1% dos 385 casos levaram a acusações criminais dos agentes pelo disparo.
“Os registos dos incidentes com armas de fogo estão muito abaixo da realidade”, afirmou Jim Bueermann, um ex-comissário, hoje presidente da organização não governamental Police Foundation, que ajudou o jornal nesta nova contabilidade. “Se não tivermos informações precisas, nunca conseguiremos mudar esta situação”. Se o ritmo se mantiver, a polícia matará a tiro perto de 1000 pessoas até ao fim do ano.
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“Os registos dos incidentes com armas de fogo estão muito abaixo da realidade”, afirmou Jim Bueermann, um ex-comissário, hoje presidente da organização não governamental Police Foundation, que ajudou o jornal nesta nova contabilidade. “Se não tivermos informações precisas, nunca conseguiremos mudar esta situação”. Se o ritmo se mantiver, a polícia matará a tiro perto de 1000 pessoas até ao fim do ano.
Cerca de metade das vítimas era branca, e 80% tinham em sua posse objectos potencialmente letais. Mas nos casos em que vítimas estavam desarmadas, então dois terços eram negras ou hispânicas. Ajustando os dados das vítimas da polícia aos da população onde ocorreram os tiroteios, tendo como ponto de partida o último censo, conclui-se que os negros morrem três vezes mais pelos tiros da polícia do que os brancos ou qualquer outra minoria, diz o jornal.
Embora a raça seja uma clara linha divisória, a maioria das pessoas que são mortas pela polícia americana é pobre e tem cadastro, seja por crimes menores, seja por terem doenças mentais. Na verdade, 92 das 385 pessoas mortas a tiro este ano, quase um quarto, estavam identificadas pela polícia, ou pela família, como sofrendo de doença mental.
Correr para fugir da polícia é um erro que se paga com vida – foi o problema de 20% dos que morreram sem estarem sequer armados.
Mas nem todas as polícias são tão rápidas com o gatilho. Na maioria das cidades americanas, disparar contra um suspeito é algo raro. Noutras, é algo mais frequente, e o importante é compreender porquê. Em Los Angeles, por exemplo, foram mortas oito pessoas. Em Oklahoma City cinco, incluindo um homem de 83 anos que brandia um machete.
O que a análise do jornal de Washington concluiu, confirmando a impressão que a sucessão de casos tem transmitido, é que é muito raro que um polícia que mata um suspeito tenha de responder pelo seu acto na justiça. Menos de 1% dos 385 disparos fatais deste ano levaram a que um agente tenha sido acusado criminalmente.