Ao contrário do que diz o Governo, para o BE a agricultura estagnou
A riqueza criada pelo sector “sai depressa do nosso país” refere Catarina Martins frisando como exemplo o investimento espanhol sobretudo na região beneficiada por Alqueva.
A dirigente do Bloco fez um paralelismo entre a primeira década do ano 2000, período em que o sector agrícola em Portugal registou um “decréscimo muito acentuado” na sua importância na criação de riqueza do país. Depois disso e até ao presente, assistiu-se à “completa estagnação” do peso da agricultura na riqueza nacional.
Comentando a posição do Governo em que este afirma um acréscimo de 20% do peso da agricultura no tecido económico nacional, Catarina Martins salientou que o que é produzido em Portugal “é pouco e sai depressa do nosso país. Não fica cá o que é produzido, nem cria emprego” dando exemplo do investimento espanhol sobretudo no Alentejo e na fileira olivícola, frisando que “mais de metade é investimento espanhol que sai muito depressa do nosso país”.
Esta realidade tem associado “um fenómeno preocupante” prossegue a porta-voz do BE, frisando que a agricultura em Portugal “tem hoje menos emprego” e reportando-se ao Alentejo destacou que “o país não pode sobreviver de monoculturas”.
Referindo-se ao projecto Alqueva e do que foi conseguido de assinalável para o regadio, precisou que “ temos de perceber como o nosso regadio Alqueva só chega a 8% dos terrenos no Alentejo”. Fica depois toda a agricultura de sequeiro, a que “não se está a dar resposta” assinala Catarina Martins, criticando o esquecimento a que tem sido votada a agricultura de sequeiro que no Alentejo ocupa cerca de 1.600 milhões de hectares – Alqueva vai irrigar 130 mil hectares.
Para inverter esta realidade a porta-voz do BE defende que os fundos comunitários cheguem a “todos os produtores”, denunciado os critérios que têm sido seguidos na atribuição das verbas dos Programas de desenvolvimento regional que “têm ficado nas mãos dos grandes produtores e praticamente não chega aos pequenos agricultores” provocando uma agravamento das assimetrias no tecido rural.
Porque estava em Beja, Catarina Martins, recordou a Reforma Agrária e os rendeiros da Herdade dos Machados que o “Governo quer expulsar” das terras que lhe foram atribuídas por Sá Carneiro em 1980. “Opomo-nos a esse projecto do Governo” revelado recentemente pela ministra da Agricultura na Assembleia da República.
Instada a pronunciar-se sobre a greve da TAP, a dirigente do Bloco frisou que por detrás da acção dos pilotos subsiste “o propósito” de garantirem “uma parte de uma empresa privatizada” posição que o BE contesta, assim como a posição do Governo. “A TAP não pode ficar refém dos interesses tanto de um grupo [dos pilotos] ou de um qualquer investidor estrangeiro que a venha comprar” concluiu Catarina Martins acusando o Governo de “tentar vender o país ao desbarato” a poucos meses do fim do seu mandato.