Poucos bombeiros vão combater fogos com novos equipamentos
Atraso relacionados com concurso de aquisição de equipamentos individuais atribuído a estruturas que agrupam câmaras municipais.
A época mais critica de fogos começou na semana passada e termina a 30 de Setembro. No ano passado morreram em incêndios florestais oito bombeiros, mais quatro do que em 2012, ultrapassando a média anual de três mortes verificadas desde 1980.
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A época mais critica de fogos começou na semana passada e termina a 30 de Setembro. No ano passado morreram em incêndios florestais oito bombeiros, mais quatro do que em 2012, ultrapassando a média anual de três mortes verificadas desde 1980.
Grande parte dos combatentes aos fogos usa apenas uma farda, de algodão, e botas que não são resistentes ao fogo. No ano passado, alguns bombeiros, que ficaram encurralados pelas chamas e acabaram por morrer, viram as botas que calçavam derreterem-se. Um inquérito pedido pelo Governo indicou que em causa esteve sobretudo a violação de regras de segurança, lembra a Lusa.
Mas o Ministério da Administração Interna decidiu assegurar o lançamento de um concurso para que os bombeiros pudessem usar equipamentos de protecção – compostos pelo fato, luvas, botas, capacete e máscara – mais resistentes, atribuindo a gestão destes procedimentos às chamadas Comunidades Intermunicipais (CIM), que constam de agrupamentos de várias câmaras municipais (são cerca de 20 no país). Mas o processo não parece ter resultado.
Na última segunda-feira o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, manifestou-se “preocupado” por, nesta altura, os bombeiros ainda não terem recebido os equipamentos de protecção individual das CIM. Miguel Macedo afirmou que “talvez pela juventude da CIM este procedimento não tenha decorrido da forma célere que devia ter corrido”.
O concurso foi lançado em Março de 2013. Há cerca de 49 mil bombeiros voluntários no país, este primeiro concurso destinava-se a equipar 20 mil, diz Rui Silva. Ponto da situação? “Nem um terço foi distribuído”, refere. O presidente da Associação Portuguesa dos Bombeiros Voluntários critica todo o concurso, que ainda por cima foi feito antes das normas que definem o equipamento terem saído, em Abril deste ano. “Pôs-se o carro à frente dos bois”. Assim, defende que mesmo o pouco equipamento que vai sendo distribuído não cumpre normas técnicas de segurança.
Rui Silva relembra que, porque se percebeu que aquele concurso não estava a correr bem, a própria Protecção Civil decidiu lançar no início deste ano um segundo concurso para equipar a outra metade do dispositivo, mas a sua distribuição aos bombeiros só está prevista para o Verão de 2015. Jaime Marta Soares concorda. “É um número mínimo os que receberam equipamento de protecção individual e os que receberam o equipamento está incompleto”.
A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo imputou neste sábado responsabilidades à Autoridade Nacional de Protecção Civil pelo atraso do fornecimento de equipamento aos bombeiros. “A ANPC definiu o valor e disse às autarquias qual o tecto máximo dos diversos equipamentos. No caso das botas, definiu um valor de 48 euros para cada par, um valor desfasado da realidade e que levou a que os concursos não tivessem concorrentes e que não haja ainda botas para entregar”, disse à Lusa o secretário executivo da CIMTEJO, Miguel Pombeiro. Fonte oficial da Protecção Civil contactada pelo PÚBLICO não comenta estas declarações.