Ministra das Finanças: "Ter várias opções para a saída do programa é sinal dos progressos feitos"
Em entrevista ao Financial Times, Maria Luís Albuquerque diz não saber se os portugueses preferem uma solução prudente ou arriscada.
Numa entrevista ao diário britânico Financial Times, Maria Luís Albuquerque defendeu que “é preciso ter em conta o que as pessoas pensam sobre qual será a melhor solução” para o caminho a seguir. “Não sei se os eleitores preferem que sejamos prudentes ou ousados”, disse, questionada pelo jornal de informação económica.<_o3a_p>
A Comissão Europeia confirmou, nesta segunda-feira, que o programa de ajuda termina a 17 de Maio e que a última tranche do empréstimo será paga até 29 de Junho. A extensão técnica está relacionada com o desembolso final do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira que, por questões processuais, só vai acontecer em Junho, à semelhança do que sucedeu na Irlanda, confirmou à agência Lusa um porta-voz da comissão. A partir de 17 de Maio, não haverá novas missões ou relatórios da troika sobre Portugal.
Sobre as eleições europeias, a ministra das Finanças disse não acreditar num reforço dos votos nos partidos anti-Europa. “Os portugueses não culpam o euro pelos seus problemas”, defendeu.
Maria Luís Albuquerque comentou ainda o regresso da Grécia aos mercados primários. “É importante demonstrar confiança nos mercados”, disse, admitindo que “não inveja” os seus colegas gregos.
Em relação à possibilidade deixada em aberto por Mario Draghi de o Banco Central Europeu (BCE) avançar com um programa expansionista compra de activos na zona euro para estimular a economia e controlar o risco de deflação, Maria Luís Albuquerque entende que se o banco central “tomar medidas não-convencionais de quantitative easing [programa de compra de activos financeiros], o mais útil seria comprar dívida empresarial, em particular, dívida bancária”.
Embora alerte para as debilidades de um período prolongado de baixa inflação — “qualquer coisa que [o BCE faça que] evite a deflação é positiva” —, a ministra das Finanças não acredita que Portugal esteja em risco de enfrentar uma deflação.
No último fim-de-semana, o presidente do BCE mostrou-se preocupado com a forma como o euro se tem valorizado face ao dólar, algo que pode conduzir a uma descida ainda mais acentuada dos preços, agravando o perigo de deflação. E admitiu que novas subidas da moeda única poderão levar o BCE a agir.