Após meia hora de bom nível, FC Porto voltou ao ócio e o Atlético agradeceu
Os portistas entraram melhor no jogo e estiveram a vencer com um golo de Jackson, mas na segunda parte o Atlético de Madrid deu a volta ao resultado e somou o segundo triunfo no Grupo G.
No sábado, frente ao Real, o Atlético de Madrid fez gato-sapato de Cristiano Ronaldo e companhia e ninguém colocou em causa a justiça da vitória da equipa de Diego Simeone, que somou o sétimo triunfo em sete jornadas do campeonato espanhol, o melhor arranque dos 110 anos de história dos colchoneros.
Teoricamente, após uma mão cheia de exibições pouco convicentes do FC Porto nos últimos jogos, seria difícil encontrar um convidado tão inoportuno para a estreia de Paulo Fonseca no Dragão, em jogos da Liga dos Campeões. Teoricamente. Na prática, durante a primeira meia hora, o nome e currículo dos espanhóis foi o tónico que os portistas precisavam. Com “a faca nos dentes”, bem à imagem do treinador dos rivais, o FC Porto transformou o Atlético numa equipa banal, quase medíocre. No entanto, tal como tinha acontecido no último fim-de-semana, frente ao V. Guimarães, os portistas parecem usar os “boost” disponíveis rapidamente e ficaram sem gás para o resto da partida. Perante um adversário com argumentos bem diferentes dos vimaranenses, a falta de atitude saiu cara aos “dragões”.
Fonseca tinha afirmado que o FC Porto teria que “roçar a perfeição” para derrotar o Atlético e, na primeira meia hora, a exibição portista foi inatacável. Com Licá no banco (Josué surgiu na ala esquerda), os “dragões” entraram em campo com alma e usaram uma das armas do Atlético: pressão sobre o portador da bola. A atitude “azul-e-branca” surpreendeu os espanhóis e, aos 16’, Jackson marcou: livre de Josué e o colombiano, após ganhar o duelo com Godín, cabeceou para o fundo da baliza. Perante uma equipa especialista na arte de contra-atacar, a vantagem deixava o Dragão tranquilo.
Sem Diego Costa, Simeone não abdicou do 4x4x2, mas surpreendeu ao deixar Koke no banco. As ausências (Adrián López também estava indisponível), pareciam criar mossa na fortaleza colchonera. Mas, para o Atlético de Simeone, jogar bem é secundário. O argentino tinha avisado que a sua equipa joga “é para ganhar” e da forma que for entendida como “ mais oportuna”. Aparentemente sem grande perigo, o Atlético foi-se aproximando da baliza de Helton e, perto do intervalo, Raúl Garcia cabeceou à barra.
Para a segunda parte, Simeone deixou nos balneários Villa, uma nulidade enquanto esteve em campo, e apostou no ex-portista Cristian Rodríguez. Com o 4x4x2 desfeito, o Atlético passou a actuar em 4x2x3x1, a fórmula preferida pelo argentino, e, aos 54’, Filipe Luis deu o primeiro aviso.
A atitude portista na primeira meia hora já era uma miragem, a bola já circulava quase sempre em pés de jogadores da equipa espanhola e a passividade “azul e branca” resultou no empate: aos 58’, após um canto, uma péssima saída de Helton ofereceu a Godín o 1-1.
O golo voltou a despertar os portistas. Fonseca lançou Licá e Quintero e o colombiano, na primeira vez que tocou na bola, esteve perto de marcar. Mas, do outro lado, o Atlético também criava perigo (García, aos 76’). E quando as duas equipas pareciam conformadas com o empate, um resultado que seria aceitável para o FC Porto após o deslize do Zenit, o Atlético usou a sua grande arma: as bolas paradas. Aos 86’, na sequência de um lance estudado, Garcia aproveitou a displicência colectiva “azul e branca”, colocou em Turan e o turco fuzilou Helton. Seguiu-se um coro de assobios no Dragão. Quase quatro anos depois, o FC Porto voltou a ser derrotado em casa.