Com debate se vai ao longe
A academia universitária está separada da restante sociedade como que por um rio intransponível
Há vários problemas de fundo em Portugal, dos quais três me parecerem especialmente relevantes: a falta de cultura democrática, a separação entre Academia e Sociedade e a segmentação interna do mundo académico. Pode não parecer, mas estão relacionados. E o NOVA Debate é o espaço onde se pode encontrar a dinâmica para os superar.
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Há vários problemas de fundo em Portugal, dos quais três me parecerem especialmente relevantes: a falta de cultura democrática, a separação entre Academia e Sociedade e a segmentação interna do mundo académico. Pode não parecer, mas estão relacionados. E o NOVA Debate é o espaço onde se pode encontrar a dinâmica para os superar.
O Presidente dos EUA, Barack Obama, disse em 2009 que as mais fortes democracias florescem do debate frequente e vivo. Esta centralidade do debate na cultura democrática não é recente: é centenária. Em Portugal, o envolvimento e a participação em debates ainda é fraca. Isto quando os debates não são apenas meras palestras de estrado, com 15 minutos de perguntas apressadas. O NOVA Debate é o lugar onde se juntam saberes, ideias e opiniões em discussões informadas, críticas e construtivas. Desde as suas origens, a qualidade da democracia dependeu sempre da troca de ideias. E uma boa democracia depende de boas ideias, o que nos leva ao segundo problema. A Academia e o resto da Sociedade parecem, em grande parte, mundos separados.
A Academia, o sector da inovação, onde emergem as ideias para muitos dos problemas da nossa Sociedade, presentes ou perenes, onde o saber que faz mover as pessoas e mundo é criado e transmitido, está separada da restante Sociedade como que por um rio intransponível. Há uma fraca comunicação e faltam as pontes necessárias para trazer esse saber para a discussão pública e para envolver os membros da Academia em questões que são as de todos. O NOVA Debate é também uma ponte: envolvemos estudantes de todos os níveis, investigadores e professores da Universidade Nova de Lisboa (UNL) no debate dos problemas de hoje e das questões de fundo da Sociedade, sejam sociais, culturais, económicos ou políticos. E isto traz-nos ao terceiro obstáculo.
A Academia está dividida internamente. As divisões que se estabelecem para fins pedagógicos e de pesquisa, entre estudantes, investigadores e professores, entre estudantes de licenciatura, mestrado e doutoramento, promovem afastamentos que muitas vezes prejudicam o diálogo. Mas a divisão cala mais fundo: não só entre Ciências Sociais e Ciências Naturais, mas depois entre Sociologia e Economia, entre Direito e História, Biologia e Medicina, Engenharia e Geografia. Estas divisões disciplinares, úteis, tornaram-se autênticas “cortinas de ferro”, que só a muito custo se transpõem… O lema da UNL, "Omnis Civitas contra se divisa non stabit" (nenhuma cidade dividida contra si mesma subsiste), indica-nos outro caminho. Mostra-nos como devemos debater e aprender em conjunto, sem olhar a títulos, e que só em conjunto a Academia e a UNL em particular pode construir boas soluções e um melhor saber académico.
O NOVA Debate é onde isto é possível: uma plataforma interdisciplinar onde todos os membros da UNL se podem envolver nas discussões da Sociedade e da Academia, aprendendo e partilhando. Juntamos saber para moldar o futuro.
E trazemos também duas novidades. Primeiro, por acordo com o P3, quinzenalmente traremos um artigo de opinião de um membro do NOVA Debate, para contribuir para um melhor debate público. Em segundo lugar, que entre 16 e 23 de Setembro teremos abertas as candidaturas para integrar o NOVA Debate. Todos os membros da UNL se podem candidatar: desde os recém-chegados “caloiros”, aos investigadores. Mais informações brevemente na nossa página.