Sondagem: 65% acreditam que SNS vai piorar para o ano

Mais de 65% dos inquiridos numa sondagem utilizam os serviços públicos mas temem a perda de qualidade. Há também 20% das pessoas que não vão ao médico por razões financeiras.

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A perda da qualidade e as taxas moderadoras são dois pontos que preocupam os utentes Rui Gaudêncio

As conclusões fazem parte de um inquérito realizado pela Cegedim, em parceria com a Netsonda, que diz ainda que é nas pessoas entre os 35 e os 44 anos que os receios quanto à qualidade são maiores.  Mesmo assim, ao todo, 31% dos portugueses dizem que os actuais cuidados de saúde do SNS são “bons” ou “muito bons”, mas quase 65% acreditam que vão passar a ser “piores” ou “muito piores”. Já em relação ao sector privado, há mais optimismo, com 50% dos participantes no inquérito a dizerem que acreditam que a qualidade se vai manter.

Apesar disso, 65,2% dos inquiridos continua a utilizar o SNS e só 26,6% recorrem a serviços privados e 22,3% são tratados através da ADSE. Dados que também são explicados pelo factor preço, já que os utentes estão preocupados com as taxas moderadoras mas mais com o preço que uma consulta no privado, sendo que ainda há que juntar o valor dos medicamentos. Dentro das preocupações, ter de faltar ao trabalho para recorrer a uma unidade de saúde foi a situação menos referida.

Entre os inquiridos, mais de 90% dos que têm um seguro privado pensam mantê-lo, mas para 84,5% das pessoas aderir a um plano deste género não está programado para os próximos seis meses, sobretudo devido a razões de ordem financeira.

Aliás, segundo a mesma sondagem, 40% dos inquiridos admitiram que o orçamento familiar não permite cobrir todas as despesas de saúde, sendo que uma em cada cinco pessoas diz que não foi ao médico nos últimos seis meses por motivos económicos. “Em tempo de crise e contenção, a maioria dos inquiridos afirma praticar desporto como uma medida para melhorar a sua saúde. Ter uma alimentação cuidada e saudável é outra das preocupações”, lê-se no estudo. Há um ano, um inquérito também da Netsonda, mostrava que quase 42% dos participantes admitiam que o orçamento familiar já não era suficiente para pagar todas as despesas de saúde. As preocupações reveladas neste ano são semelhantes às de 2012.

Mas mesmo quem vai ao médico, só em 46% dos casos segue à risca as recomendações e prescrições dos clínicos. “O principal motivo para este não cumprimento são as melhorias sentidas ao fim de alguns dias e a consequente desistência da toma (68%)” dos medicamentos, diz o trabalho. Muitos inquiridos (mais de 22%) também referiram o excesso de medicação e 10% disseram que receberam pouca informação sobre a terapêutica. Em mais de 8% dos casos as razões foram financeiras. O inquérito encontrou diferenças consoante idade e sexo, com os homens a mostrarem-se mais cumpridores, assim como as pessoas mais velhas.

O estudo olhou também para os medicamentos genéricos e de marca, com dois terços das pessoas a admitirem que preferem os fármacos de marca branca, devido ao preço mais baixo e por confiarem que têm a mesma qualidade – um número que baixou ligeiramente em relação ao inquérito de 2012 (69,1%). Quem opta pelos produtos de marca justifica a escolha pela expectativa de mais eficácia. Uma vez mais são os homens que mais confiam nos genéricos, assim como as pessoas mais velhas.

Ficha técnica
A recolha de informação decorreu entre os dias 16 de Abril e 8 de Maio de 2013, tendo sido realizada online através do Painel Netsonda, constituído por mais de 125 mil participantes, registados voluntariamente desde o ano 2000. A convocatória foi aleatória. A amostra para o estudo foi definida como indivíduos de ambos os sexos com 18 ou mais anos de idade, de todo o território nacional, tendo sido realizadas 1000 entrevistas validadas, o que corresponde a uma margem de erro de cerca de 3% para um intervalo de confiança de 95%.
 

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