Hungria acusa suspeito de crimes de guerra nazi com 98 anos

Laszlo Csatary é acusado de ter torturado e participado na deportação de milhares de judeus para campos de extermínio. Liderava lista de mais procurados do Centro Simon Wiesenthal.

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Csatari nega as acusações que lhe são feitas Laszlo Balogh/Reuters

Antigo comandante da polícia de Kosice, cidade que hoje integra a Eslováquia mas que pertencia então à Hungria ocupada pelas tropas de Hitler, Csatary era o mais procurado da lista de criminosos que o Centro Simon Wiesenthal continua a tentar levar perante a justiça, quase 70 anos depois do fim da II Guerra Mundial.

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Antigo comandante da polícia de Kosice, cidade que hoje integra a Eslováquia mas que pertencia então à Hungria ocupada pelas tropas de Hitler, Csatary era o mais procurado da lista de criminosos que o Centro Simon Wiesenthal continua a tentar levar perante a justiça, quase 70 anos depois do fim da II Guerra Mundial.

Descoberto por jornalistas do britânico The Sun, foi detido pelas autoridades húngaras no Verão do ano passado e colocado em prisão domiciliária, mas só agora a procuradoria de Budapeste decidiu formalizar a acusação.  

“Pelos seus actos e comportamento, Laszlo Csatari contribuiu intencionalmente para execuções extrajudiciais e torturas cometidas contra judeus”, anunciou o Ministério Público, revelando que o julgamento deverá começar no prazo de três meses. Csatari rejeita as acusações, dizendo ter-se limitado a servir de intermediário entre as autoridades húngaras e alemãs.

Os crimes que lhe são atribuídos começaram após a ocupação nazi da Hungria, em 1944, e com a instalação em Kosice de um gueto onde seriam encerrados a quase totalidade dos cerca de 12 mil judeus que então viviam na cidade. Csatari “espancava regularmente os judeus detidos com as mãos despidas, chicoteava-os sem razão particular, sem atender à condição, sexo, idade ou saúde das pessoas agredidas”, lê-se no auto de acusação. Em Maio desse ano, participaria activamente na deportação de milhares de pessoas ali detidas para os campos de extermínio nazi, a grande maioria para Auschwitz.

Com o final da II Guerra fugiu para o Canadá, o que não impediu um tribunal da então Checoslováquia de o condenar à morte, num julgamento à revelia. Saber-se-ia depois que vivia no Canadá, onde trabalhou como comerciante de arte, até que em 1997 as autoridades foram alertadas sobre o seu passado e lhe retiraram a nacionalidade. Acabaria por desaparecer, só sendo localizado mais de uma década depois em Budapeste.