GNR grita “polícia motivada, segurança reforçada”

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Cerca de dois mil militares protestaram apesar da chuva torrencial Pedro Cunha

Às 17h30, os autocarros chegaram ao ponto de encontro marcado na Praça dos Restauradores: vinham de várias cidades. César Nogueira, presidente da Associação Profissional da Guarda, entidade organizadora do protesto, afirma que nos autocarros vinham cerca de mil pessoas: "Mais as que se vão juntando nas ruas, devem estar perto de 2000”, disse.

José Ramalho veio de Coimbra num desses autocarros. O militar de 50 anos diz que faltavam dois anos para ir para a reserva, mas que agora já perdeu a esperança. “Eu já não tenho as mesmas capacidades físicas e mentais para trabalhar tantas horas”, confessa. Com 26 anos de carreira, afirma ter sofrido um grande corte no salário. “Afecta a minha vida, eu tenho filhos, tenho de pagar a educação deles e fazer face a obrigações financeiras”, queixa-se.

Segundo César Nogueira, muitos dos profissionais da guarda têm mais de 40 anos. “E são homens que trabalharam há muitos anos 24 sobre 24 horas, estão muito acabados. Era prometido que, por sermos a única instituição sem horário definido, passávamos à reserva aos 55 anos e, agora, suspendem isso”, criticou.

O presidente da APG sublinhou ainda que os guardas estão a passar por grandes dificuldades económicas: mais de 200 famílias já declararam insolvência. “Com a progressão a não ser feita, ficam presos a um salário baixo. Além disso, há falta de pagamento dos retroactivos que já rondam os quatro mil a cinco mil euros. Dezoito mil militares ainda têm de passar para índices correctos nas tabelas para os receber. Só cinco mil é que receberam, dos quais a maioria é de cargos superiores”, explicou.

Mas os mais novos também sofrem com a situação actual. Não querendo ser identificado por medo de represálias, um jovem militar de 28 anos grita em conjunto com os seus companheiros “polícia motivada, segurança reforçada”. E motivação é mesmo o que lhe falta. “Sou guarda só há dois anos e já me sinto desmotivado porque não vejo perspectivas de progressão na carreira, está congelada. Ganho 789 euros de base e não vou evoluir. Prevejo um futuro muito negro. Sou do Algarve, estou deslocado em Lisboa, e isso acarreta custos altíssimos”.

O protesto terminou na Assembleia da República com a entrega de um caderno reivindicativo por parte de uma delegação da APG. As queixas iam da reposição da nova tabela remuneratória, que deveria ter sido feita em Janeiro de 2010, "às milhares de promoções em atraso", explicou César Nogueira.

A chuva não demoveu os GNR, que percorreram o caminho a pé dos Restauradores à Assembleia da República, e que se mantiveram até ao fim do protesto. O hino nacional foi entoado ao chegarem à frente do Parlamento.

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Às 17h30, os autocarros chegaram ao ponto de encontro marcado na Praça dos Restauradores: vinham de várias cidades. César Nogueira, presidente da Associação Profissional da Guarda, entidade organizadora do protesto, afirma que nos autocarros vinham cerca de mil pessoas: "Mais as que se vão juntando nas ruas, devem estar perto de 2000”, disse.

José Ramalho veio de Coimbra num desses autocarros. O militar de 50 anos diz que faltavam dois anos para ir para a reserva, mas que agora já perdeu a esperança. “Eu já não tenho as mesmas capacidades físicas e mentais para trabalhar tantas horas”, confessa. Com 26 anos de carreira, afirma ter sofrido um grande corte no salário. “Afecta a minha vida, eu tenho filhos, tenho de pagar a educação deles e fazer face a obrigações financeiras”, queixa-se.

Segundo César Nogueira, muitos dos profissionais da guarda têm mais de 40 anos. “E são homens que trabalharam há muitos anos 24 sobre 24 horas, estão muito acabados. Era prometido que, por sermos a única instituição sem horário definido, passávamos à reserva aos 55 anos e, agora, suspendem isso”, criticou.

O presidente da APG sublinhou ainda que os guardas estão a passar por grandes dificuldades económicas: mais de 200 famílias já declararam insolvência. “Com a progressão a não ser feita, ficam presos a um salário baixo. Além disso, há falta de pagamento dos retroactivos que já rondam os quatro mil a cinco mil euros. Dezoito mil militares ainda têm de passar para índices correctos nas tabelas para os receber. Só cinco mil é que receberam, dos quais a maioria é de cargos superiores”, explicou.

Mas os mais novos também sofrem com a situação actual. Não querendo ser identificado por medo de represálias, um jovem militar de 28 anos grita em conjunto com os seus companheiros “polícia motivada, segurança reforçada”. E motivação é mesmo o que lhe falta. “Sou guarda só há dois anos e já me sinto desmotivado porque não vejo perspectivas de progressão na carreira, está congelada. Ganho 789 euros de base e não vou evoluir. Prevejo um futuro muito negro. Sou do Algarve, estou deslocado em Lisboa, e isso acarreta custos altíssimos”.

O protesto terminou na Assembleia da República com a entrega de um caderno reivindicativo por parte de uma delegação da APG. As queixas iam da reposição da nova tabela remuneratória, que deveria ter sido feita em Janeiro de 2010, "às milhares de promoções em atraso", explicou César Nogueira.

A chuva não demoveu os GNR, que percorreram o caminho a pé dos Restauradores à Assembleia da República, e que se mantiveram até ao fim do protesto. O hino nacional foi entoado ao chegarem à frente do Parlamento.