Arábia Saudita quer regular desporto feminino, mas descarta mulheres nos Jogos Olímpicos

Foto
Dalma Malhas participou nos Jogos Olímpicos da Juventude, em 2010, sem o apoio do reino Foto: Roslan Rahman/AFP

A edição de hoje do diário al-Watan avança que o Governo constituiu uma comissão para “pôr fim ao caos” na prática desportiva feminina no país, com o objectivo de regular os clubes e os ginásios já existentes.

“A comissão está focada em desenvolver um sistema para o funcionamento destes clubes”, disse Abdullah al-Zamil, um dos responsáveis máximos pela autoridade desportiva do Irão.

Hoje em dia, as mulheres podem praticar exercício físico em ginásios designados como “centros de saúde”, que geralmente têm mensalidades muito elevadas. As raparigas não podem praticar desporto nas escolas públicas, mas podem fazê-lo nas escolas privadas.

A Presidência Geral do Bem-estar da Juventude apenas regula a prática desportiva masculina e opõe-se à participação de mulheres na comitiva que a Arábia Saudita vai levar aos Jogos Olímpicos de Londres. Esta posição da autoridade desportiva do país levou a organização Human Rights Watch a pedir ao Comité Olímpico Internacional que proíba a Arábia Saudita de participar nos Jogos deste Verão, a não ser que aceite convocar uma mulher para a sua comitiva.

A principal candidata saudita a participar nos Jogos Olímpicos de Londres é a cavaleira Dalma Malhas, que esteve nos Jogos Olímpicos da Juventude em 2010, que decorreram em Singapura, mas sem o apoio oficial do reino.

No início do mês, o líder da Presidência Geral do Bem-estar da Juventude disse que a Arábia Saudita não impedirá as suas cidadãs de competirem nos Jogos de Londres, mas frisou que o reino não dará o seu apoio oficial.

"Não apoiaremos nenhuma participação feminina saudita nos Jogos Olímpicos nem em outros torneios internacionais", disse o príncipe Nawaf bin Faisal, citado pelo jornal Al-Riyadh.

"A participação feminina saudita será de acordo com o desejo das estudantes e demais atletas que vivem no estrangeiro. Decidimos desta forma para garantir que a participação esteja dentro da estrutura apropriada e em conformidade com a sharia [a lei islâmica]", afirmou Nawaf bin Faisal.