89% da população mundial já tem acesso a água potável
A meta, que deveria ser cumprida até 2015, era reduzir para metade o número de pessoas no mundo que não têm acesso a água potável. Hoje, graças a investimentos na melhoria de condutas e na protecção de poços, essa meta foi alcançada, revelou a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A meta, que deveria ser cumprida até 2015, era reduzir para metade o número de pessoas no mundo que não têm acesso a água potável. Hoje, graças a investimentos na melhoria de condutas e na protecção de poços, essa meta foi alcançada, revelou a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Um relatório da Unicef (Fundo da ONU para as Crianças) e da OMS concluiu que, no final de 2010, 89% da população mundial – ou seja, 6100 milhões de pessoas – tinha acesso a água potável, acima da meta de 88% até 2015. O documento estima que, em 2015, a percentagem será de 92%.
Os maiores progressos foram conseguidos na Índia e na China, países que representam, juntos, 46% da população dos países em desenvolvimento. Segundo o relatório, de 1990 a 2010, 522 milhões de pessoas passaram a beber água potável na Índia e 457 milhões de pessoas na China.
Este é um “grande feito para os povos do mundo”, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, acrescentando que este é um dos primeiros Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (MDG, sigla em inglês) a serem atingidos. “Os esforços para aumentar o acesso a água potável demonstram que os objectivos [que a comunidade internacional definiu em 2000 para reduzir a pobreza até 2015] não são um sonho, mas uma ferramenta vital para melhorar a vida de milhões de pessoas”, disse Ban Ki-moon num comunicado.
“Para as crianças estas notícias são especialmente boas”, comentou o director-executivo da Unicef, Anthony Lake. “Todos os dias, mais de 3000 crianças morrem de desidratação causada por diarreia. Alcançar esta meta significa salvar vidas de muitas crianças”, acrescentou.
Mas o relatório alerta que ainda muito está por fazer e reconhece que existem "enormes disparidades" no acesso à água de boa qualidade. Na América Latina, Caraíbas, Norte de África e em muitas regiões da Ásia a melhoria da qualidade da água é hoje de 90%, mas a situação não é tão boa na África sub-saariana, com os seus 61%. Na verdade, apenas 19 dos 50 países desta região têm probabilidades de cumprir as metas para 2015. E ainda que o acesso a água potável nos países em desenvolvimento chegue hoje aos 86%, nos ditos "países menos desenvolvidos" essa percentagem é de 63%.
O responsável da Unicef salientou ainda que 11% da população mundial – ou 783 milhões de pessoas – ainda não tem acesso a água potável.
Quanto ao saneamento básico, os progressos são bem mais lentos e tudo indica que não serão suficientes. De acordo com o relatório, 2500 milhões de pessoas ainda não têm saneamento básico. De 1990 a 2010, a percentagem de pessoas com saneamento básico no mundo passou de 49% para 63%, o que representa um aumento de 1800 milhões de pessoas. Mas, ao ritmo actual de progressos, a percentagem deverá subir apenas até aos 67%. A meta é de 75%. "A menos que consigamos acelerar os trabalhos, a meta para o saneamento básico só será alcançada em 2026", escreve o relatório.
Em Setembro de 2000, os líderes mundiais adoptaram a Declaração do Milénio, que incluiu oito grandes questões: pobreza e fome, ensino primário universal, igualdade de género, mortalidade infantil, saúde materna, doenças graves, sustentabilidade ambiental e parceria global para o desenvolvimento.