Casa de investigador do Face Oculta assaltada e revirada

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O julgamento decorre no Tribunal de Aveiro Foto: Adriano Miranda

A atenção dos assaltantes centrou-se em verificar e analisar tudo o que eram papéis, bem como material informático (CD e DVD) e o computador, suspeitando-se que pudessem estar à procura de eventuais provas ou dados relacionados com aquele megaprocesso, que está em fase de julgamento.

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A atenção dos assaltantes centrou-se em verificar e analisar tudo o que eram papéis, bem como material informático (CD e DVD) e o computador, suspeitando-se que pudessem estar à procura de eventuais provas ou dados relacionados com aquele megaprocesso, que está em fase de julgamento.

Segundo o PÚBLICO conseguiu apurar, a tese de que o assalto terá tido como único propósito encontrar qualquer informação sobre as averiguações em torno do Face Oculta é a hipótese que ganha mais peso na investigação. Com uma certeza: o propósito da investida dos assaltantes saiu gorado, uma vez que o inspector em causa não guardava em casa qualquer dado relacionado com a investigação iniciada em 2009.

Outro dos dados que os investigadores dão como garantido é que o assalto terá sido devidamente preparado e estudado. Tudo leva a crer que os assaltantes tenham prestado previamente vigilância ao apartamento do investigador da PJ, situado na cidade de Ovar, para aferir os hábitos de entradas e saídas dos habitantes da casa. O assalto acabou por executado num horário em que não se encontrava ninguém no interior da residência.

Este episódio surge numa altura em que o julgamento está precisamente a ouvir os inspectores da Polícia Judiciária que desenvolveram a investigação em torno da "rede tentacular" supostamente liderada pelo empresário Manuel José Godinho.

Antes de as audiências serem suspensas, devido a um problema de saúde de uma das juízas do colectivo, o tribunal encontrava-se a ouvir Rui Carvalho, o inspector da PJ titular do processo. A confirmar-se o retomar das sessões na próxima semana - o agendamento deverá ficar decidido até sexta-feira -, o julgamento voltará a ficar marcado pelo depoimento daquele investigador.

O Ministério Público acusou 36 arguidos - 34 pessoas e duas empresas - no âmbito do processo Face Oculta, indo ao encontro da recomendação da Polícia Judiciária de Aveiro que, no relatório final da investigação, considerou existirem elementos suficientes para acusar a totalidade dos arguidos. Entre eles destacam-se Armando Vara, ex-ministro socialista e vice-presidente do BCP e da CGD, José Penedos, presidente da REN , e o seu filho e advogado Paulo Penedos, bem como o empresário das sucatas Manuel José Godinho, o único arguido que esteve detido preventivamente.