Mais um dia de contestação geral à política do Presidente Sarkozy

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A França vive um segundo dia de greves Stephane Mahe/REUTERS

A circulação foi “quase normal” no metropolitano e houve uma melhoria na RER B, uma das cinco linhas de transportes rápidos que serve Paris, com um comboio a circular em cada dois que deveria haver, indicaram as empresas de transportes.

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A circulação foi “quase normal” no metropolitano e houve uma melhoria na RER B, uma das cinco linhas de transportes rápidos que serve Paris, com um comboio a circular em cada dois que deveria haver, indicaram as empresas de transportes.

Na empresa autónoma de transportes parisienses RATP, assembleias gerais de trabalhadores decidiram que a greve prosseguiria hoje, explicou a central sindical CGT. Mas o movimento foi ontem pouco seguido, com uma média de três linhas em cada quatro a funcionar.

Hoje de manhã, a RATP garantiu à AFP que o movimento estava a ser “normal ou quase normal” no metropolitano, “normal” na RER A, nos autocarros e nos eléctricos rápidos.

Os ferroviários devem reunir-se hoje, para debater o seguimento a dar às mobilizações de ontem, que foram as maiores desde o regresso das férias grandes; e a SNCF prevê perturbações idênticas às de terça-feira, dia em que os sindicatos afirmam que 3,5 milhões de trabalhadores fizeram greve em todo o país ou andaram em manifestações. As forças de segurança, porém, deram um número mais baixo: 1,2 milhões.

O Governo tem vindo a dizer que está “no limite do possível” quanto às concessões que poderá fazer no seu plano de aumentar a idade mínima para a reforma de 60 para os 62 anos e a reforma total dos 65 para os 67.

Só em Toulouse desfilaram ontem 145.000 pessoas e para amanhã já está marcada idêntica manifestação intersindical, segundo noticia o jornal “Le Figaro”. E em Marselha os manifestantes foram 230.000, segundo os sindicatos, mas a polícia só contou 24.500.

Por outro lado, 135 liceus estavam hoje de manhã com perturbações no seu funcionamento, reconheceu o ministério da Educação Nacional: boicote às aulas, tentativas de boicote, concentrações de alunos e distribuição de panfletos.

Ontem, a perturbação tinha afectado 357 liceus, segundo o ministério, 800 de acordo com a União Nacional Liceal (UNL). E o Governo considera “inadmissível” que se possa pedir aos jovens para descerem à rua, como o fez ontem à noite a antiga candidata socialista às eleições presidenciais, Ségolène Royal. “Não está certo”, disse o ministro do Trabalho, da Solidariedade e da Função Pública, Éric Woerth, igualmente presidente da câmara municipal de Chantilly.

Por seu turno, Éric Besson, ministro da Imigração, Integração, Identidade Nacional e Desenvolvimento Sustentável, comentou aos microfones da cadeia de informação política Public Sénat: “É uma Ségolène Royal que desde há muito não víamos tão demagógica e tão irresponsável”.

Besson admitiu ainda que Ségolène esteja a procurar aproveitar-se do actual movimento de contestação ao Presidente Nicolas Sarkozy para se digladiar com outras figuras do seu próprio partido: “Está a ser levada pelos acontecimentos ou decidiu forçar o destino na competição interna do PS?”.

Quanto à ministra da Educação Superior, Valérie Pécresse, considerou “extremamente chocante que uma personalidade política como Royal peça aos liceais que boicotem as aulas, quando se está num período de exames, antes das férias de Todos os Santos”. E Michèle Alliot-Marie, agora ministra da Justiça, chamou “irresponsável” à antiga candidata presidencial.