Cientistas descobrem planeta habitável a 20 anos-luz de distância da Terra

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É preciso viajar 20 anos à velocidade da luz para chegar a Gliese 581g DR

Planetas rochosos, parecidos com a Terra, já foram descobertos. Mas este, a 20 anos-luz de distância de nós, é o primeiro que parece ser habitável, dizem cientistas norte-americanos.

O Gliese 581g é um dos seis planetas em torno da estrela Gliese 581 (uma anã vermelha, mais pequena e mais fria do que o nosso Sol). Tem uma massa três vezes superior à da Terra e é rochoso, mas tem um diâmetro apenas 1,2 a 1,4 superior. Terá gravidade suficiente para conseguir reter a sua atmosfera. Orbita a sua estrela a uma distância dentro da chamada "zona habitável", onde a água pode existir em estado líquido à superfície.

A descoberta, que resulta de 11 anos de observações, foi feita por cientistas da Universidade da Califórnia em Santa Cruz e do Instituto Carnegie, em Washington. Foi colocada on-line, no site de publicação de artigos de investigação da área da física arXiv.org, mas será também publicada na revista científica Astrophysical Journal.

Um ano em Gliese 581g dura apenas 37 dias - é este o tempo que leva a completar uma volta à sua estrela, à qual mostra sempre a mesma cara, como a Lua faz com a Terra. Assim, no lado do planeta virado para a estrela é sempre dia e no que fica na obscuridade a noite é eterna. As temperaturas à superfície oscilam, por isso, entre o abrasador e gelo -, e a temperatura média é negativa: -31 a -12 graus Célsius, diz um comunicado do campus de Santa Cruz da Universidade da Califórnia. O local onde as temperaturas serão mais amenas, dizem os cientistas, deve ser a zona de transição entre a obscuridade e a luz.

Mas o facto de o planeta estar dividido em duas zonas claramente definidas e estáveis pode ser uma vantagem para a vida. "Quaisquer formas de vida que surgissem teriam uma grande variedade de climas estáveis para evoluir, dependendo da longitude em que se encontrassem", disse Steven Vogt, um dos coordenadores da equipa.

Talvez o mais interessante desta descoberta é o que traz em termos de implicações sobre as estimativas de planetas habitáveis. Dado o número relativamente pequeno de estrelas monitorizado pelos caçadores de planetas, esta descoberta aconteceu relativamente depressa: se os planetas habitáveis são raros, diz Vogt, "não devíamos ter achado um tão depressa, e tão perto de nós."

A conclusão dele é optimista: "O número de sistemas solares com planetas potencialmente habitáveis é, provavelmente, da ordem dos 10 ou 20 por cento. Quando se multiplica isto pelas centenas de milhares de milhões de estrelas da Via Láctea... Pode haver dezenas de milhares de milhões de sistemas solares com planetas habitáveis na nossa galáxia." Clara Barata

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