Eugénio de Andrade satisfeito por Prémio Camões ter regressado à poesia

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Eugénio de Andrade destaca o facto de o prémio ter sido atribuído por unanimidade e ter como patrono Luís Vaz de Camões Inácio Rosa/Lusa

Questionado sobre o valor deste prémio, Eugénio de Andrade destaca o facto de ter sido atribuído por unanimidade e ter como patrono Luís Vaz de Camões, "uma das fascinações maiores" da sua vida, cita a Lusa. No entanto, para o vencedor deste ano do Prémio Camões esta distinção deveria ser atribuída aos autores mais jovens. "A minha idade não é a mais própria para receber este prémio", diz.No valor de doze mil contos, o prémio ainda não tem destino, já que Eugénio de Andrade refere não ter "buracos para tapar". O poeta adianta apenas que o dia de hoje vai ser passado "só como o costume", com um passeio pelo jardim.
Entre os vários autores portugueses, o ensaísta Eduardo Lourenço sustenta que o Prémio Camões "assenta como uma luva" a Eugénio de Andrade. "É uma grande notícia para todos os portugueses, sobretudo os que amam a poesia, e uma grande alegria pessoal" acrescentou, deixando a sua forte admiração pela obra do escritor, que sempre foi de uma "grande unidade de tom e qualidade".
Para o poeta Vasco Graça Moura, Eugénio de Andrade é "motivo de júbilo para todos os que gostam de literatura portuguesa", já que Eugénio de Andrade é "um dos maiores poetas portugueses deste século". "Com este prémio é também distinguido um tipo de trabalho que assenta na insatisfação permanente para ir mais além na perfeição", sublinhou.
O poeta ressaltou as obras "As Mãos e os Frutos" e "A Escrita da Terra" de Eugénio de Andrade, destacando o "timbre próprio da voz da escrita" do vencedor.
Manuel Alegre defende que a atribuição do Prémio Camões deste ano foi "justíssima", mas "peca por relativamente tardia". "As Mãos e os Frutos" é também para Manuel Alegre uma das suas obras favoritas, pela marca deixada na sua juventude e que lhe "revelou uma outra linguagem poética". Outras das obras de relevo de Eugénio de Andrade para Manuel Alegre é "Antologia". "É um dos livros que sempre me acompanhou. Tem até lama e sangue da guerra e do exílio", concluiu.

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Questionado sobre o valor deste prémio, Eugénio de Andrade destaca o facto de ter sido atribuído por unanimidade e ter como patrono Luís Vaz de Camões, "uma das fascinações maiores" da sua vida, cita a Lusa. No entanto, para o vencedor deste ano do Prémio Camões esta distinção deveria ser atribuída aos autores mais jovens. "A minha idade não é a mais própria para receber este prémio", diz.No valor de doze mil contos, o prémio ainda não tem destino, já que Eugénio de Andrade refere não ter "buracos para tapar". O poeta adianta apenas que o dia de hoje vai ser passado "só como o costume", com um passeio pelo jardim.
Entre os vários autores portugueses, o ensaísta Eduardo Lourenço sustenta que o Prémio Camões "assenta como uma luva" a Eugénio de Andrade. "É uma grande notícia para todos os portugueses, sobretudo os que amam a poesia, e uma grande alegria pessoal" acrescentou, deixando a sua forte admiração pela obra do escritor, que sempre foi de uma "grande unidade de tom e qualidade".
Para o poeta Vasco Graça Moura, Eugénio de Andrade é "motivo de júbilo para todos os que gostam de literatura portuguesa", já que Eugénio de Andrade é "um dos maiores poetas portugueses deste século". "Com este prémio é também distinguido um tipo de trabalho que assenta na insatisfação permanente para ir mais além na perfeição", sublinhou.
O poeta ressaltou as obras "As Mãos e os Frutos" e "A Escrita da Terra" de Eugénio de Andrade, destacando o "timbre próprio da voz da escrita" do vencedor.
Manuel Alegre defende que a atribuição do Prémio Camões deste ano foi "justíssima", mas "peca por relativamente tardia". "As Mãos e os Frutos" é também para Manuel Alegre uma das suas obras favoritas, pela marca deixada na sua juventude e que lhe "revelou uma outra linguagem poética". Outras das obras de relevo de Eugénio de Andrade para Manuel Alegre é "Antologia". "É um dos livros que sempre me acompanhou. Tem até lama e sangue da guerra e do exílio", concluiu.

Prémio Camões 2001 passa os olhos pelo PÚBLICO ao domingo

Acerca de gatos

Em abril chegam os gatos: à frente
o mais antigo, eu tinha
dez anos ou nem isso,
um pequeno tigre que nunca se
habituou
às areias do caixote, mas foi quem
primeiro me tomou o coração de
assalto.
Veio depois, já em Coimbra, uma
gata
que não parava em casa: fornicava
e paria no pinhal, não lhe tive
afeição que durasse, nem ela a
merecia,
de tão puta. Só muitos anos
depois entrou em casa, para ser
senhora dela, o pequeno persa
azul. A beleza vira-nos a alma
do avesso e vai-se embora.
Por isso, quem me lambe a ferida
aberta que me deixou a sua morte
é agora uma gatita rafeira e negra
com três ou quatro borradelas de cal
na barriga. É ao sol dos seus olhos
que talvez aqueça as mãos, e
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a leitura do Público ao domingo.

Eugénio de Andrade