Luz natural melhora notas
Os estudantes que têm aulas em salas onde entra muita luz do dia têm melhor rendimento do que aqueles que aprendem com luz artificial. Um estudo realizado nos EUA comparou os resultados dos testes de 21 mil alunos e concluiu que basta haver janelas grandes para a progressão nas matérias ser mais rápida.
Nos EUA, as autoridades têm lutado para encontrar uma solução para as tristes prestações dos alunos nos testes uniformizados. Tentaram-se currículos alternativos, métodos de ensino diferentes, manuais novos, professores mais bem formados, turmas menores, acompanhamento depois da escola, sessões ao sábado e até anos lectivos mais longos. Mas falta ainda de olhar mais de perto para o espaço físico onde decorre a aprendizagem - as salas de aula. Poderá o aumento de luz natural ser parte da solução para o problema do rendimento?Uma firma de consultadoria de arquitectura da Califórnia pensa que sim, com base num estudo sobre o efeito da iluminação das salas nos níveis de rendimento. A investigação, realizada pelo Grupo Heschong Mahone, com sede perto de Sacramento, descobriu que alunos que tinham aulas em salas com mais luz natural obtinham, nos testes, resultados 25 por cento acima de outros estudantes do mesmo distrito escolar.O estudo, anunciado como o primeiro trabalho rigoroso deste género, parece vir confirmar o que alguns construtores de escolas têm afirmado com base em provas anedóticas: as crianças aprendem melhor quando iluminadas por clarabóias ou janelas do que por lâmpadas artificiais. As principais explicações para isto podem ser as que dizem que a luz do dia aumenta a aprendizagem através do reforço da visão, da disposição e da saúde de alunos e professores.Joseph Villani, director associado da Associação Nacional de Conselhos Escolares, cujos membros controlam a construção dos estabelecimentos de ensino, diz que o estudo foca o tipo de questões de "engenharia humana" que os órgãos das escolas deviam ter em consideração, quando adjudicam contratos para obras. "É quase senso comum, se olharmos para o que as pessoas preferem", afirma Villani. "A maior parte gosta mais de ter alguma luz do dia."Enquanto o estudo do Heschong Mahone é o primeiro a avaliar o impacte da luz do dia na aprendizagem, investigações anteriores realizadas no Canadá concluíam que os ganhos no rendimento dos estudantes eram "significativamente maiores" em salas onde a iluminação artificial mais se aproximava da luz do sol. O novo estudo sobre a luz natural chega num momento em que nos EUA se vive uma fase de euforia na construção para instalar um número recorde de inscritos. As conclusões principais vão em sentido contrário a uma teoria, popular nos anos 70, que defendia que as janelas fossem banidas das salas de aula para que os estudantes não se distraíssem com o que se passava lá fora.Os resultados dos testes de 21 mil alunos foram analisados em Seattle e Fort Collins, Colorado, e Orange County e Califórnia - áreas com tipos de clima distintos. Em cada um dos três distritos, foram comparadas as classificações obtidas pelos alunos em salas que deixavam entrar quantidades variáveis de luz do dia.A presença de mais luz natural surgia como tendo maior efeito no distrito de Capristano, Orange County. "Descobrimos que, num ano, os alunos que tinham mais luz do dia na salas progrediram 20 por cento mais depressa nos testes de matemática e 26 por cento nos de leitura do que os que tinham menos", concluíram os investigadores. "Da mesma maneira, aqueles que tinham salas com janelas maiores avançavam 15 por cento mais rapidamente a matemática e 23 por cento a ler." Em Seattle e Fort Collins, o impacte era menor, com os valores a crescer entre sete a 18 por cento.O estudo utilizou um sofisticado método estatístico para controlar as características sociais dos alunos, as variações nos tamanhos das turmas e outros factores conhecidos por afectarem a aprendizagem.* Exclusivo PÚBLICO/ "The Washington Post"