Poesia de Ana Luísa Amaral no Encontro de Leituras

O livro de poesia What’s in a Name (Assírio & Alvim) é a obra escolhida pelo clube de leitura do PÚBLICO e Folha de S. Paulo para a conversa de dia 8 de Fevereiro. A sessão acontecerá no Zoom, como habitualmente, às 22h de Lisboa (19h de Brasília), com a ID 863 4569 9958 e a senha de acesso 553074.

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Ana Luísa Amaral Anna Costa

Pela segunda vez em mais de um ano de existência, o Encontro de Leituras, do PÚBLICO e da Folha de S. Paulo vai ser dedicado à poesia. A próxima sessão 8 de Fevereiro, às 22h de Lisboa e 19h de Brasília terá como convidada a autora Ana Luísa Amaral, vencedora do Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana de 2021 e que neste ano será homenageada na Feira do Livro do Porto.

Discutiremos o livro What’s in a Name, editado em Portugal pela Assírio & Alvim. No Brasil, os poemas deste livro estão incluídos na antologia Lumes, publicada no ano passado pela Iluminuras. A sessão acontecerá no Zoom, como habitualmente, com a ID 863 4569 9958 e a senha de acesso 553074. Aqui fica o link.

A abrir What’s in a Name, uma epígrafe de Romeu e Julieta: “O que há num nome? Se fosse dado um outro nome/ À rosa, seria menos doce o seu perfume?”

Mais à frente, o poema Matar é Fácil, que começa assim: “Assassinei (tão fácil) com a unha/ um pequeno mosquito/ que aterrou sem licença e sem brevet/ na folha de papel// Era em tom invisível,/ asa sem consistência de visão/ e fez, morto na folha, um rasto/ em quase nada// (…)”

Na sinopse da edição brasileira é-nos dito que “a poeta se coloca as questões que poderia ter-se feito a própria Julieta, se não tivesse sucumbido: quais as dimensões de ver, nomear, escrever, matar?”

Esta edição traz também um posfácio de Fernando Paixão, onde o professor de literatura no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo defende: “Ana Luísa Amaral está longe de ser uma escritora ingénua ou literal. Ao contrário. Mobiliza uma imaginação carregada de leituras e afinidades poéticas — cultivadas no ofício de professora de literatura, ensaísta e tradutora de Shakespeare e Emily Dickinson —, mas ao mesmo tempo sabe que o gesto lírico moderno se quer sóbrio e autocrítico, sem deslizar pelo entusiasmo retórico.”

What’s in a Name é uma obra de 2017, mas tem sido reeditada em Portugal tendo a quarta edição ido para as livrarias em Setembro do ano passado.

Também é notável como este livro tem viajado através de inúmeras traduções. Em 2019, foi publicado nos Estados Unidos, com tradução de Margaret Jull Costa, pela New Directions, e também em Itália, com tradução de Livia Apa, na Crocetti Editore. Em 2020, saiu em Espanha e no México pela editora Sexto Piso. No mesmo ano foi publicado na Colômbia com o título Que hay en un nombre, com tradução de Pedro Rapoula, pela Puro Pássaro. Em 2021, Was ist ein Name saiu na Alemanha com tradução de Michael Kegler & Piero Salabe, na Hanser Verlag. E também no ano passado, a obra saiu na Eslovénia com tradução de Barbara Juršič, na editora Beletrina.

Em 2017, na revista Sábado, o crítico Eduardo Pitta, escrevia que em What’s in a Name, “reencontramos o melhor” da obra de Ana Luísa Amaral. E acrescentava: “Poeta central da poesia portuguesa contemporânea, a autora tem-se destacado pela forma hábil como, sem se afastar do classicismo da tradição anglo-americana (Emily Dickinson e Anne Sexton são referências próximas), consegue impor a voz que dá ‘nome a estas coisas’, fazendo-o sempre com o rigor oficinal que faz da sua escrita um lugar de alto conseguimento: ‘Mas não há nada de natural num nome:/ como uma roupa, um hábito, normalmente para a vida inteira,/ ele nada mais faz do que cobrir/ a nudez em que nascemos.’”

Ana Luísa Amaral, com um doutoramento sobre escritora norte-americana Emily Dickinson (1830-1886), foi professora associada da Faculdade de Letras do Porto e é membro da Direcção do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, no âmbito do qual coordenou o grupo Intersexualidades.

Dirige há cinco anos um programa de rádio sobre poesia, na Antena 2, com o jornalista Luís Caetano, o indispensável O som que os versos fazem ao abrir (às quartas-feiras às 10h45, com repetição às 15h45, mas disponível também na RTP Play e no Spotify). Ali se lê e conversa sobre poesia. O programa disponível mais recente, de 19 de Janeiro, faz-nos descobrir a poesia da sul-africana Ingrid Jonker com o poema The Child/A criança. Ana Luísa Amaral é também tradutora, traduziu para língua portuguesa obras de John Updike, Emily Dickinson, William Shakespeare ou Louise Gluck.

Durante este ano de 2022, sairá em Inglaterra um livro de ensaios reunidos sobre a obra da autora nascida em 1956, com o título The Most Perfect Excess: The Works of Ana Luísa Amaral (org. Claire Williams).

Este Encontro de Leituras junta leitores de língua portuguesa uma vez por mês e discute romances, ensaios, memórias, literatura de viagem e obras de jornalismo literário, na presença de um escritor, editor ou especialista convidado. É moderado pela jornalista Isabel Coutinho, responsável pelo site do PÚBLICO dedicado aos livros, o Leituras, e pelo jornalista da Folha de S. Paulo Eduardo Sombini, apresentador do Ilustríssima Conversa, podcast de livros de não-ficção.

Giovana Madalosso, Paulina Chiziane, José Eduardo Agualusa, Tatiana Salem Levy, Afonso Cruz, Laurentino Gomes, Fernanda Torres, Afonso Reis Cabral, Jeferson Tenório, Marília Garcia, José Luís Peixoto, Nádia Battella Gotlib, biógrafa de Clarice Lispector, Valter Hugo Mãe e Ondjaki são os escritores que já passaram por lá e as suas sessões podem ser recordadas no podcast do Encontro de Leituras.

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