O Bloco apanhou o metro em Cacilhas contra as privatizações

Catarina Martins fez o percurso Cacilhas-Corroios na companhia da cabeça de lista por Setúbal Joana Mortágua.

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Catarina Martins e Joana Mortágua em campanha no Metro Sul do Tejo Daniel Rocha

Além dos bloquistas, não vai muita gente no transporte. O relógio ronda as 15h30, não é hora de ponta. Mas vão muitos jornalistas. Câmaras de filmar, de fotografar, microfones, encontrões. No meio da confusão, uma senhora já com alguma idade, barafusta divertida: “Deixem-me sentar que já estou cansada!”

A principal mensagem que o Bloco quer passar com esta iniciativa é a de oposição às privatizações e parcerias público-privadas (PPP) que fazem parte, acusam, da agenda deste Governo. E que, defendem ainda, não beneficiam os utentes. O programa do Bloco vai precisamente em sentido contrário: querem lutar por um serviço público de mobilidade, por bilhetes mais baratos, percursos maiores, horários mais alargados.

Catarina Martins vai acompanhada da cabeça de lista por Setúbal, Joana Mortágua – nas últimas eleições legislativas, em 2011, o Bloco elegeu um deputado por este círculo eleitoral, Mariana Aiveca. Sobre a questão dos transportes, a porta-voz do Bloco garante, por exemplo, que “noutras capitais, numa família com filhos, só os adultos pagam o bilhete, as crianças não”. Em Lisboa, nota, “qualquer criança a partir dos quatro anos paga tanto de bilhete como um adulto”.

Aos jornalistas, lembra ainda que “o Metro Sul do Tejo não tem as ligações todas que foram prometidas e, por isso, tem percursos muito mais curtos do que o que era preciso para servir as populações”. Além disso, para Catarina Martins, quem vive na margem Sul “está farto de pagar PPP”: “Paga as PPP aqui do metro, paga a PPP da Lusoponte ainda... Tem todos os dias um encargo tão grande para ir trabalhar e continua a não ter as soluções que precisa de mobilidade, porque foi tudo pensado em benefício do lucro de uns poucos privados e nunca pensado para o serviço das populações e para o interesse público.”

À margem da acção, Joana Mortágua também lamenta que muitos transportes colectivos do distrito de Setúbal sejam “privados ou PPP, o que resulta em prejuízos para os utentes: “Paga os buracos das PPP e encarece os bilhetes e passes.” Ainda no caso do distrito de Setúbal, há outro problema – os sítios a que chega o metro. “Não faz sentido que um metro de Almada não vá à Costa da Caparica ou não chegue ao Seixal.”

No metro, viaja também o deputado municipal do Bloco Pedro Oliveira, que já tinha posto a tónica na questão do percurso do metro: “Não chega às zonas inicialmente previstas”, diz, lembrando que o projecto inicial incluía concelhos como a Moita ou o Barreiro.

À saída do metro e rodeada de sacos e de malas, em mudanças de casa, está Teresa Maria, de 49 anos, auxiliar num lar. Vive no Laranjeiro e trabalha em Pinhal dos Frades. Apesar de fazer três viagens todos os dias para ir de casa para o lar – metro, comboio e autocarro – e de, por elas, pagar 50 euros mensais, não está insatisfeita. Só gostava é que o percurso fosse mais extenso, chegasse a mais sítios. Isso gostava.

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