Nuno Crato continuar a ser ministro é "inexplicável", diz Marques Mendes
"Não é uma coisa brilhante os governantes atacarem a torto e a direito a comunicação social", disse ainda o comentador sobre os ataques do primeiro-ministro.
Afirmando que a “incompetência” que grassa no ministério tutelado por Nuno Crato relativamente à colocação de professores um mês e meio depois da abertura do ano escolar “não tem perdão”, Marques Mendes defende que esta situação deveria ter consequências políticas. E dá o exemplo do ex-ministro socialista Jorge Coelho.
“Há uns anos, o ex-ministro Jorge Coelho demitiu-se por causa da queda da ponte de Entre-os Rios - e ele não foi o culpado -, e todo o país aplaudiu da direita à esquerda. E então agora há um caso de incompetência, foi apenas a cabeça de um director-geral, coitado, desgraçado, digno que rolou? Não há responsabilidades de nenhum membro do Governo? Secretário de Estado, ministro, os dois? São estas coisas que desacreditam a política e as instituições”, apontou.
No habitual comentário de sábado à noite na SIC, o social-democrata não poupou o secretário de Estado do Ensino e da Administração escolar, João Casanova de Almeida, criticando-o pelo facto de há dias ter afirmando que só faltavam colocar 250 professores. “Se fossem uns dias de atraso, uma semana, até dez dias, já estamos habituados, agora um mês e meio, isto é de mais, não tem perdão. Se isto acontecesse quando uma equipa ministerial estava a iniciar funções ainda vai que não vá, era tolerável, agora quando uma equipa já vai no quarto ano do seu mandato isto é inaceitável”, censurou o social-democrata.
O comentador político da SIC aproveitou, de resto, para disparar contra os ministros, incluindo Nuno Crato, que este sábado participaram nas jornadas parlamentares conjuntas do PSD e do CDS, em Lisboa: “Ouvi os discursos dos membros do Governo e são muito tipo relatório e contas, muito passado. Têm de ter mais um discurso de futuro, têm de fazer menos asneiras, agora foi com [Rui] Machete, no passado a Educação, ou seja, a este ritmo a António Costa basta fazer-se de morto”.
Mendes não desperdiçou a oportunidade para alfinetar o primeiro-ministro pelas acusações que desferiu nas jornadas parlamentares, afirmando que os comentadores políticos e os jornalistas são “ patéticos”, “orgulhosos” e “preguiçosos”. E disse: "Não me parece uma coisa brilhante os membros do Governo começarem a torto e a direito a atacar só a comunicação social a dizer isto, aquilo e aqueloutro. Dá uma imagem de estarem acossados. Deviam, de facto, dar uma imagem de outra tranquilidade”.
Quanto a eleições legislativas antecipadas, que o primeiro-ministro e vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, já disseram que não se justificam, Mendes também as rejeita, “não por uma questão táctica, mas de regras”, embora afime que se a coligação PSD/CDS-PP ruir esse cenário pode ocorrer. E explicou: “Pode haver uma hipótese de as eleições serem antecipadas. Se PSD e CDS não se entenderem para fazer uma coligação e decidam concorrer separados aí a questão pode levantar-se. E porquê? Porque se não fizerem coligação significa que a coligação na prática implodiu e isso significará que, em vez de um Governo, vamos, na prática, ter dois governos cada um a seguir o seu caminho. É a degradação”. E prosseguiu: ”Se essa hipótese suceder, é legítimo o Presidente da República convocar o Conselho de Estado – acho que até o deve fazer - e ponderar hipótese de eleições antecipadas”. “Está nas mãos da maioria impedir este cenário”, concluiu.