Ex-ditador argentino morreu após queda no banho
Autópsia relaciona fracturas sofridas por Jorge Videla, cinco dias antes da morte, com paragem cardíaca que o matou. Em Mercedes, onde nasceu, muitos não o querem ali enterrado.
A informação, confirmada à agência oficial Télam por fontes judiciais, indica que foi uma hemorragia interna provocada pela queda que deu origem à paragem cardíaca. Ainda assim, o magistrado que está a instruir o processo aguarda os resultados de exames complementares para encerrar o caso.
Fontes judiciais citadas pelo diário espanhol El País indicam que os familiares podem pedir exames suplementares, com peritos por eles indicados, o que atrasaria o funeral de Videla. O antigo ditador morreu na sexta-feira, aos 87 anos, na cadeia onde cumpria pena de prisão perpétua por crimes contra a humanidade.
O silêncio da família sobre o local do funeral tem contribuído para alimentar versões sobre o local onde será enterrado. Alguns meios de comunicação locais noticiaram que será sepultado no município de Pilar, a 60 quilómetros de Buenos Aires, onde existem cemitérios privados. Outros dizem que irá para a província de San Luis, de onde é oriunda a família paterna. Também tem sido referida a cidade natal do antigo ditador, Mercedes, a 100 quilómetros da capital.
Mas em Mercedes, essa hipótese desagrada a muitos. No fim-de-semana, à entrada do cemitério, foram colocados cartazes de homenagem aos desaparecidos na ditadura, entre 1976 e 1983. “Que o atirem ao mar, como ele fez”, disse Ayelen Mainery, uma vendedora de 26 anos, aludindo aos corpos de opositores do regime militar lançados de avião no Rio de la Plata, que separa a Argentina do Uruguai. “Sofremos tanto durante a ditadura, não gostava que fosse enterrado na minha cidade”, disse Aida Ibaldi, administrativa de 55 anos.
“Não queremos que os restos de Videla sejam enterrados em Mercedes. Não queremos que a cidade seja um local de passagem e meditação da direita fascista argentina e que seja enterrado ao lado dos que perderam a vida durante a sua ditadura”, disse, citado pela AFP, José Luis Pisano, secretário local do Partido Socialista.
O número de pessoas desaparecidas durante a ditadura militar foi de 30 mil, segundo organizações de defesa dos direitos do homem, 7000 a 8000 segundo Videla.