Morreu Humphrey, o gato que embaraçou Tony e Cherie Blair

Viveu em Downing Street entre 1989 e 1997 e era o animal doméstico mais famoso do Reino Unido

Humphrey, um gato vadio que um dia de 1989 entrou na residência oficial do primeiro-ministro britânico, no número 10 de Downing Street, e esteve no centro de um escândalo político quando foi "reformado" em 1997, morreu, confirmou ontem um porta-voz de Tony Blair.Aquele que durante quase uma década foi a "primeira mascote" e era com toda a probabilidade o mais famoso animal doméstico do Reino Unido mereceu ontem no tablóide The Sun este título: "O mundo da política de luto por uma lenda."
Confrontado com a informação, um porta-voz de Downing Street confirmou-a: "É verdade. Soubemos a semana passada que Humphrey tinha morrido."
Humphrey teria 18 anos. Era um gato vadio quando entrou no número 10, estava Margaret Thatcher no poder. Ficou durante os anos de Thatcher e do seu sucessor John Major, mas foi mandado embora para casa de um funcionário público depois de Tony Blair ter ganho as eleições em 1997.
Nessa altura, a oposição conservadora acusou Blair de ter mandado abater o gato, porque a mulher, Cherie, não gostaria dele. Houve grande discussão, que chegou a debates parlamentares.
"Humphrey é agora uma pessoa desaparecida. A menos que saiba alguma coisa dele ou que faça uma aparição pública, suspeito que foi abatido", bradou na ocasião o deputado conservador Alan Clark.
O Governo trabalhista, nos seus primeiros dias, acabou por disponibilizar à imprensa fotografias provando que ele ainda estava vivo, informando que tinha ido viver para casa de um funcionário público para ser tratado a uma doença. Como se se tratasse de um refém, foi fotografado junto de exemplares do jornal do dia, para mostar que estava vivo nessa data. O gabinete de Blair teve de emitir uma nota afirmando que Cherie tinha ficado com pena de ele se ter ido embora. Mais tarde, para apaziguar associações de defesa de gatos, a própria Cherie fez fotos em que aparecia, carinhosa, ao lado do bicho.
Esta foi a segunda vez que Humphrey esteve associado a um escândalo. Na verdade, já em 1994 o Governo fora obrigado a fazer um desmentido oficial depois de ele ter sido acusado de matar uma família de piscos nos jardins de Downing Street. Essa nota, assinada pelo primeiro-ministro John Major, continha uma frase que ficou no anedotário da política britânica dos anos 1990, e que era: "É certo que Humphrey não é um serial killer."
O jornalista e comentador político Oliver King recordava ontem com ironia no seu blogue no The Guardian outro episódio da passagem de Humphrey pela vida política britânica, lembrando que ele foi quase assassinado "pelo Cadillac presidencial de duas toneladas de Bill Clinton, mas felizmente foi evitado um incidente diplomático grave".

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