Badoca investe 75 milhões de euros em parque temático na Moita

Os terrenos onde será construído o parque estão em Reserva Ecológica Nacional mas o presidente da câmara acredita que os pareceres necessários serão concedidos

Em Abril de 2008 deverá abrir portas, na Moita, um parque temático com diversões alusivas à história e tradições de Portugal, que representa um investimento global de 75 milhões de euros, a desenvolver em três fases.O protocolo de cedência do terreno com 60 hectares no Pinhal do Forno, freguesia de Alhos Vedros, foi ontem assinado entre a Câmara da Moita e o promotor Badoca Actividades Turísticas, a empresa proprietária do Badoca Safari Park de Santiago do Cacém.
Para a concretização do projecto, que promete criar 1200 postos de trabalho quando estiver concluído, a autarquia terá, no entanto, de reconverter o terreno actualmente classificado como "solo rural" e parte integrante da Reserva Ecológica Nacional (REN) em solo urbano com usos lúdico-culturais e de lazer. Uma questão que João Lobo, presidente da Câmara da Moita, acredita ser de pacífica resolução, tendo em conta a dimensão e importância do investimento para toda a Área Metropolitana de Lisboa.
"Não depende só de nós mas acreditamos que vai ser possível", disse ontem o autarca da CDU durante a cerimónia de assinatura do protocolo que cede os terrenos por um período de 50 anos. Os promotores estão a tentar o reconhecimento do projecto como de interesse nacional (PIN) pela Agência Portuguesa para o Investimento, o que, a confirmar-se, será um argumento para ultrapassar os constrangimentos impostos pelo regime da REN.
João Lobo afirma mesmo estar "de corpo e alma" neste projecto, que foi mantido em sigilo durante mais de um ano de negociações devido à "sensibilidade" do mesmo. O autarca congratula-se com o facto de os promotores se comprometerem a recrutar 70 por cento da mão-de-obra no concelho e acredita que toda a economia local será reanimada quando o parque entrar em funcionamento.
O empreendimento conta já com um estudo prévio elaborado com o apoio das escritoras Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, que sugeriram 24 temas alusivos à história, tradições e regiões de Portugal para servirem de base à elaboração do projecto.
Os estudos de viabilidade e de mercado que se vão seguir tentarão evitar os "erros cometidos" noutros parques temáticos da Europa, concebidos a partir de sobre-estimativas de procura e de investimento. Uma das razões para o insucesso de alguns destes equipamentos, consideram os promotores, é a transposição de modelos que resultam noutros países, sobretudo nos EUA, mas que não têm em conta as características sócio-culturais e económicas da realidade europeia.

Previstos três milhões de visitantes por ano
Os estudos prévios já realizados permitem concluir que o parque receberá nas três fases, respectivamente, cerca de 10 mil, 20 mil e 30 mil visitantes por dia. A expectativa dos investidores é chegar aos três milhões de visitantes por ano, atraindo os turistas que se desloquem à capital em negócios ou em lazer. "Estamos a menos de 30 minutos de Lisboa e um parque temático é um elemento complementar do turismo de negócios", disse Joaquim Luiz Gomes, sócio-gerente do Badoca, para quem o terreno da Moita é "o melhor que se pôde encontrar ao fim de dois anos de prospecção". Com "características únicas" na Área Metropolitana de Lisboa, o local vai permitir, garante o empresário, uma "integração paisagística de alta qualidade".
A área de restauração do parque será dividida por seis locais e terá capacidade para 4 mil lugares sentados. O complexo disporá ainda de um hotel de quatro estrelas com 200 quartos, área de merchandising com 20 pontos de venda e espaço multiusos para espectáculos, exposições, congressos e acções de formação. Dos 75 milhões de euros a investir, 24 milhões serão para divertimentos e 15 milhões para cenografia. Recriar cenas dos Lusíadas ou episódios do terramoto de 1755, conhecer a história de Viriato ou as tradições de algumas zonas do país, são ideias que vão ganhar vida em forma de divertimentos para crianças e adultos.

Sugerir correcção