Hitchcock: os filmes

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Gostei de ler a peça de Mário Lopes sobre Hitchcock e Tippi Hedren (TH) no PÚBLICO de anteontem. Vi o desagradável filme The Girl em que ela é interpretada por Sienna Miller (SM) e aposto que a vilificação continua com Hitchcock, o filme em que Anthony Hopkins continua a desacertar em cheio na imitação de quem quer que seja: sejam Nixon, Picasso ou outros lobisomens.

Fiquei a saber que "durante a rodagem de The Girl [SM, que é boa actriz] telefonava regularmente à actriz [TH, que não era] para saber como reagira em momentos específicos à manipulação de Hitchcock".

TH só entrou em dois filmes de Hitchcock: The Birds e Marnie, ambos obras-primas. Seria de esperar que SM, tão preocupada em personificar TH, se desse ao trabalho de ver ambos os filmes. Mas não: "SM não vira Marnie antes da rodagem de The Girl": ""No final, desejamos que a personagem de Tippi [Marnie] fique com o violador. Sentimo-nos aliviados por ela ficar com o homem que a violou. É tão manipulador nesse sentido"". É talvez a crítica de cinema mais simplista, obtusa e estúpida que alguma vez li. Falta pouco para ser crime um cineasta manipular não só os actores como os espectadores. Ou seja: ser um realizador muito bom.

Vejam os dois filmes de Hitchcock antes ou depois de ver um destes: tanto faz. Perceberão por que é que os filmes de Hitchcock são obras de arte e estes meros apetrechos exploitation movies do que é culturalmente correcto. Com razão. Mas sem arte.

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