Dor de barriga é a queixa dos miúdos, o tabaco é o pecado das mães

A dor reportada pelas crianças é outro dos capítulos explorados no projecto Geração 21, que ainda quis saber mais sobre as mães, grávidas ou no pós-parto, e sobre o momento do nascimento dos seus filhos. Assim, conclui-se que a dor de barriga é a queixa mais frequente destas crianças e que o tabaco continua a ser o pecado das grávidas. Há ainda a registar um elevado recurso ao leite artificial nas maternidades, nas primeiras 72 horas de vida dos bebés.

"Estas crianças são queixosas", constata Henrique Barros, o coordenador do projecto, comentando os dados que mostram que 47% dos meninos e 42% das meninas se queixaram de dor nos últimos meses. Na (longa) lista de dores dos mais pequenos, a barriga está no topo, com 52,1%, logo seguida da cabeça, com 44,4%, e das pernas, com 36,1%. O que menos dói são os braços (6,6%) e o peito (8,3%).

No capítulo em que é avaliada a qualidade óssea, o facto mais surpreendente é a associação com as características do nascimento, com os dados a revelar que este indicador sai francamente favorecido num parto vaginal. No caso das meninas, a diferença da qualidade óssea após uma cesariana corresponde mesmo a metade da verificada num parto vaginal. "Há muitos resultados que encontramos para os quais ainda não temos resposta e que vai ser necessário aprofundar para percebemos por que é que eles existem. Este é um deles", refere Henrique Barros.

Há outros resultados mais fáceis de explicar e corrigir. As maternidades portuguesas continuam a recorrer demasiado ao leite artificial nas primeiras 72 horas de vida de um recém-nascido. Entre os cinco hospitais públicos do distrito do Porto abrangidos pelo estudo, constata-se que o recurso ao leite artificial nas primeiras 72 horas varia entre os 40,9% e os 70,5%. Apesar das boas intenções das grávidas (87,7% afirmam ter a intenção de amamentar enquanto tiverem leite), os dados fornecidos indicam que a maior fatia das mães (22,6%) assegura a amamentação exclusiva até aos três ou quatro meses de idade do bebé.

Ainda sobre as mães, o estudo constata que todos os factores de risco cardiovascular (obesidade, excesso de peso, diabetes, hipertensão e disipidemia) aumentam após o parto. Mas o mais preocupante neste quadro são os dados sobre as mães fumadoras, que passam de 26,6% antes de engravidar para 25,3% quatro anos após o parto. "Uma oportunidade perdida", lamenta Henrique Barros, que sublinha que há muitos casos de mães que deixam de fumar durante a gravidez (ou reduzem substancialmente o consumo de tabaco) e poucos anos após o parto retomam o vício. Sobre o seu estilo de vida, há ainda uma elevada percentagem de mães fumadoras (23% no primeiro trimestre e 14% no terceiro trimestre) e cerca de 3% afirmaram consumir álcool diariamente.

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