Reacções emocionadas a uma morte "mais do que triste" que continua por apurar

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CARL COURT/AFP

Fãs juntaram-se ontem junto à casa da cantora em Londres, enquanto as mensagens de homenagem se acumulavam. A polícia distanciou-se dos rumores sobre overdose

As causas da morte da cantora Amy Winehouse, anteontem encontrada sem vida no seu apartamento londrino do bairro de Camden, continuam por apurar, apesar dos tablóides britânicos referirem que o motivo poderá ser overdose de álcool e drogas.

Apesar das especulações, apenas a autópsia pode vir a ser conclusiva sobre o que terá acontecido. O exame estava marcado para ontem, mas segundo a CNN foi adiado para hoje. A polícia britânica afasta qualquer tipo de especulação sobre as circunstâncias da morte. Em comunicado, a Polícia Metropolitana de Londres limitou-se a destacar que "a investigação prossegue."

O superintendente Raj Kohli disse estar consciente das "informações que sugerem uma overdose", mas distanciou-se dos rumores. A cantora tinha tentado recentemente mais uma cura de desintoxicação, mas atravessava um período complicado, depois de a digressão europeia de Verão - incluindo um concerto para 4 de Agosto no Festival Sudoeste em Portugal - ter sido cancelada.

A razão invocada para o cancelamento foi "motivos de saúde", sem grandes especificações, tendo sucedido depois de um concerto em Belgrado, onde voltou a mostrar não estar totalmente recuperada da dependência do álcool e das drogas. Alguns jornais ingleses adiantam que estaria devastada pela separação recente do namorado, Reg Travis, de 34 anos, que a teria deixado, alegadamente, por perceber que não conseguia ajudá-la.

Durante o dia de ontem, no jardim em frente à porta da casa onde a cantora foi encontrada morta, sábado, pelas 16h, sucederam-se as homenagens dos admiradores. Amy vivia no bairro de Camden Town, no Norte de Londres, e fazia questão de referir nas poucas entrevistas que era o lugar do mundo onde se sentia melhor.

"Mesmo depois de famosa era vista nas ruas e nos pubs do bairro. Era alguém perfeitamente acessível e que acabou por colocar, outra vez, o bairro no mapa", recordava um morador de Camden.

Uma vizinha, Suzanne Snowden, 40 anos, disse que "ela não era do tipo que criava problemas e parecia estar em recuperação". Junto à sua casa foram colocados flores, cartões, bebidas, cigarros, violas, ursos de peluche. Uma das inscrições de tributo deixadas no local dizia: "A princesa do meu coração era uma alegria para os vizinhos de Londres. Amar-te-ei para sempre".

A morte de Winehouse, aos 27 anos, coloca-a junto a uma série de outros artistas que também desapareceram com essa idade, como Jimi Hendrix, Brian Jones, Jim Morrison, Janis Joplin ou Kurt Cobain. Ontem, nas reacções à sua morte, algumas figuras relembraram isso mesmo, como o americano Big Boi dos OutKast: "Cobain, Joplin, Morrison, Jimi e agora Amy. Todos se foram aos 27. Eram todos grandes. Descansem em paz, todos".

O músico Zalon Thompson, que fazia parte da banda que a acompanhava ao vivo, escreveu que "uma parte de si morreu", enquanto a cantora inglesa Lily Allen, muitas vezes comparada a Amy, escreveu: "É mais do que triste. Não há mais nada a dizer. Ela era uma alma tão perdida, oxalá possa descansar, agora".

Outra cantora da família soul, a norte-americana Janelle Monae, disse ter o "coração pesado", enquanto a modelo Kate Moss mostrou tristeza por "ver tanto talento desaparecer do mundo".

Lady GaGa garantiu que terá sempre um "amor muito profundo" por ela, enquanto em Portugal o escritor valter hugo mãe escreveu no seu Facebook: "Vou sempre amar muito esta mulher".

Luís Montez, da produtora Música no Coração, que realiza todos os anos o Festival Sudoeste onde iria actuar, também se manifestou, declarando ao site da Sapo que ela "tinha uma voz incrível, um talento enorme e ninguém lhe deu a mão e protegeu". O veterano "crooner" Tony Bennett, que gravou em Março uma versão de "Body and soul" com Amy Winehouse para um disco de duetos, manifestou-se "devastado" pela morte de uma "artista extraordinária com uma intuição rara como vocalista." Mal se soube da notícia ontem esta espalhou-se pela Internet como um rastilho, com internautas, anónimos e famosos, a partilharem canções e a comentarem o seu desaparecimento. Foi o que aconteceu também com Sarah Brown, a mulher do primeiro-ministro britânico, que escreveu no Twitter que a sua morte era "uma notícia muito triste", deixando condolências à família.

Nascida a 14 de Setembro de 1983, a cantora deixa dois álbuns de originais, Frank, de 2003, e Back To Black, de 2006.

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