Grupo privado quer escolas portuguesas no estrangeiro

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Há quatro escolas portuguesas no estrangeiro, como a de Maputo Nelson Garrido (arquivo)

O projecto foi desenvolvido pelo ex-deputado e actual governante José Junqueiro, durante as suas funções como consultor do grupo GPS.

A expansão da rede das escolas portuguesas no estrangeiro poderá ser entregue a um dos maiores grupos de ensino particular não superior do país. As negociações nesse sentido com o grupo GPS, presidido pelo antigo deputado do PS António Calvete, começaram no anterior Governo de José Sócrates. A actual equipa do Ministério da Educação diz que desconhece.

O projecto de criação de mais escolas nos Países Oficiais de Língua Portuguesa (PALOP) conta com o apoio da Caixa Geral de Depósitos, que em Maio do ano passado se apresentou como parceira do grupo GPS neste empreendimento. Num artigo publicado no boletim da CGD explicava-se: "O objectivo é - em colaboração com o Estado português e as autoridades locais - abrir escolas portuguesas em Cabo Verde, São Tomé, Moçambique (Beira) e Angola (Benguela)".

Actualmente existem quatro escolas portuguesas no estrangeiro (Díli, Luanda, Macau e Maputo). A internacionalização do grupo através da criação de escolas nos PALOP, mas também em países com fortes comunidades lusas, como França, Venezuela ou África do Sul, foi uma das apostas desenvolvidas e recomendadas pelo então deputado socialista e actual secretário de Estado da Administração Local, José Junqueiro, segundo confirmou o próprio ao PÚBLICO.

Este projecto foi desenvolvido por Junqueiro no âmbito das suas funções como consultor do grupo GPS na área do "desenvolvimento e estratégia de implantação no terreno". Contratado em 2005, manteve-se como consultor até à entrada para o actual Governo.

O Ministério da Educação indicou que "não há", nos seus serviços, "qualquer processo em curso com este propósito". O Ministério dos Negócios Estrangeiros, do qual depende agora o ensino do Português no exterior, não respondeu.

Mas Calvete confirmou, por escrito, ao PÚBLICO que "o projecto das escolas portuguesas mantém-se, estando sempre inerente uma acção concertada com o Governo através dos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Educação". "O grande desígnio deste projecto é a promoção e desenvolvimento da língua e cultura portuguesa nos PALOP", acrescentou.

Para além de Junqueiro, o grupo tem contado com a colaboração de outras figuras políticas. Entre os colaboradores e funcionários actuais figuram José Canavarro e Paulo Pereira Coelho, secretários de Estado do Governo de Santana Lopes. E também os directores regionais de Educação de Lisboa e do Centro, respectivamente José Almeida e Linhares de Castro.

O GPS (Gestão de Participações Sociais) é uma sociedade anónima constituída em 2003 a partir de um grupo de educação que já detinha sete escolas, no Centro do país. Em sete anos acrescentou mais 17 estabelecimentos a este património, contando agora com 24 escolas.

A aquisição mais recente, embora não detenha aí a maioria do capital social, é o Colégio Oriente, no Parque das Nações. No conjunto, com os alunos inscritos nas actividades extra-curriculares, contam agora com cerca de 16 mil estudantes.

António Calvete considera que esta expansão é uma mostra do "reconhecimento e confiança" no projecto do grupo e no contributo que têm dado "para o enriquecimento do sistema educativo em Portugal". O grupo tem apostado sobretudo no ensino profissional.

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