Pequim muda nomes e organização para combater crise financeira

Críticas à forma como tem sido conduzida a política económica e financeira começam a ter consequências práticas.

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Bolsa chinesa caiu 17% desde o início do ano

Ainda assustados com as quedas das bolsas e com a rapidez da descida do renminbi nos mercados internacionais, os responsáveis políticos chineses estão agora a proceder a mudanças nos actores e no modelo de organização por trás da estratégia económica e financeira do país, num raro sinal de que se está a assumir a existência de erros na forma como a crise tem vindo a ser gerida.

Esta quarta-feira, surgiram duas notícias que dão conta de alterações importantes na estrutura de decisão em Pequim.

Segundo o Financial Times, irá ser criado um novo gabinete de coordenação da política económica e financeira. Este novo órgão estará sob a tutela do Conselho de Estado que tenta assim reconquistar parte do papel entretanto perdido na gestão económica e financeira do país, nomeadamente na fiscalização das entidades reguladoras.

O Banco da China e a agência que supervisiona o mercado accionista têm estado sob forte crítica pela forma como geriram a queda registada nos mercados accionistas no passado mês de Julho e, principalmente, nos primeiros dias de 2016. Políticas aparentemente contraditórias, balanceando entre uma maior liberalização e um controlo mais apertado das forças do mercado, são consideradas como parte da razão para o colapso registado nas primeiras sessões do ano, tanto ao nível das acções como da divisa.

Nas bolsas, foi contraproducente a medida de impor limites apertados para as quedas diárias dos índices. Quando a bolsa caia 5%, as transacções eram suspensas durante 15 minutos, e quando caiam 7,5%, a sessão era encerrada. Isto provocou uma ainda maior ansiedade nos investidores que optaram por vender antes que fosse tarde demais. A medida, que tinha sido imposta no início do ano, não ficou em vigor mais do que quatro dias.

Nos mercados cambiais, existem muitas dúvidas quanto à verdadeira estratégia do banco central, já que não se percebe se está a ser empurrado pelos mercados a desvalorizar a sua divisa ou se está a assumir essa evolução como política para aumentar a competitividade do país.

A outra notícia que mostra a vontade de mudança a que se assiste em Pequim é a da possível escolha de um novo nome para um dos cargos mais importantes na condução da política económica do país. Huang Qifan, que até agora tem sido o presidente da câmara de Chongqing, uma das metrópoles mais dinâmicas do país, deverá ser nomeado como secretário-geral do Conselho de Estado, assumindo por isso o papel de braço direito do primeiro-ministro Li Keqiang, com a competência fundamental de travar a crise económica e financeira no país.

Esta quarta-feira, o principal índice da bolsa de Shangai caiu mais 2,4%, agravando as suas perdas desde o início do ano para 17% e 43% desde Junho, quando tinha sido registado o seu máximo histórico.

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