Santander e Fosun entre os cinco candidatos na corrida à compra do Novo Banco
As propostas de aquisição têm que ser apresentadas até ao final de Junho. Há mais um candidato chinês e duas companhias de origem norte-americana.
O Banco de Portugal convidará agora as cinco entidades seleccionadas a apresentar as suas propostas vinculativas para aquisição do terceiro banco português, que revelou prejuízos superiores a 4000 milhões de euros no ano passado.
Em comunicado emitido esta sexta-feira ao final do dia, a entidade liderada por Carlos Costa informou que na sequência da análise das sete propostas não vinculativas que recebeu com vista a uma eventual aquisição do Novo Banco, apenas cinco foram seleccionadas. Embora o supervisor não tenha mencionado nomes, sabe-se que o BPI foi eliminado, por ter avançado com uma oferta insuficiente.
Pelo caminho, na fase anterior, ficaram diversas outras instituições, como o Bank of China (que já opera em Portugal, mas terá desistido), o Banco Popular e o BBVA. O processo de venda do Novo Banco, actualmente presidido por Eduardo Stock da Cunha, começou com uma lista de 17 entidades interessadas, mas 12 acabaram por não seguir em frente.
Agora, a partir do próximo dia 20, inicia-se um processo de due-diligence (análise aprofundada) no Novo Banco, após o qual as cinco entidades serão convidadas a apresentar propostas vinculativas, com base num caderno de encargos que definirá os procedimentos a seguir nesta fase - que pode envolver varias rondas de contactos.
Só depois estarão em condições de avançar com uma oferta final de valor vinculativa que terá de chegar às autoridades até ao final de Junho. A quarta fase, de pré-selecção das propostas, implicará uma negociação e a decisão final caberá ao Banco de Portugal, assessoreado pelo BNP Paribas. O preço será o factor decisivo para a escolha do comprador, seguindo-se depois outros critérios, como a estratégia para desenvolver o banco e os impactos no sector, em termos de concorrência.
O Banco de Portugal explicou que a selecção foi antecedida de audiências prévias, ao abrigo do qual as entidades não seleccionadas nos termos de decisão preliminar dispuseram de um período de dez dias úteis para se pronunciarem sobre o sentido dessa decisão.
Impactos negativos
As ofertas não vinculativas terão oscilado entre mais de 2000 milhões e mais de 4000 milhões de euros. De acordo com o Expresso Diário, o Santander terá avaliado o Novo Banco à volta de 2500 milhões de euros, enquanto um dos candidatos chineses colocou a fasquia acima dos 4000 milhões.
Caso o valor de venda do Novo Banco não chegue aos 4900 milhões de euros aplicados no capital do banco - algo que é dado como bastante provável -- o montante em falta será pago pelas instituições financeiras, através do Fundo de Resolução. Os bancos com maior dimensão serão os mais atingidos, como o BCP, BPI e CGD. O banco público, aliás, já sofreu os impactos do colapso do grupo GES, tal como outras duas instituições financeiras, o Montepio e o Banif.
A CGD, no entanto, tem omitido o impacto da sua exposição ao GES. Na divulgação das contas referentes ao ano passado, o banco público, presidido por José de Matos (ex-Banco de Portugal), reportou apenas que a rentabilidade foi afectada negativamente “pelo reconhecimento de custos de imparidades associadas à exposição ao Grupo Espírito Santo”.
Conforme já escreveu o PÚBLICO, a exposição do banco público, antes do colapso do GES, era da ordem dos 300 milhões de euros. Ao todo, as provisões e imparidades da CGD foram de 950 milhões, mas o valor referente ao GES fica escondido no meio deste montante global. Em 2014, a CGD teve um prejuízo de 348 milhões de euros.
Quanto ao Montepio, o impacto da exposição ao GES ficou perto dos 140 milhões de euros. Sem mencionar valores exactos, a instituição mutualista presidida por Tomás Correia fala de um “reconhecimento de imparidades relacionadas com exposições relevantes, no montante de 140 milhões, nas quais se inclui a exposição ao Grupo Espírito Santo”, através, segundo dados recolhidos pelo PÚBLICO, da Rioforte. O impacto do GES é, no entanto, o responsável pela esmagadora maioria deste factor negativo. Em 2014, o Montepio teve um prejuízo de 187 milhões de euros.
Já no caso do Banif, que teve um resultado líquido negativo de 295 milhões no ano passado, a instituição presidida por Jorge Tomé é a mais transparente nas informações sobre os impactos negativos do GES. O banco, nas suas contas anuais, revela que a imparidade provocada pelo GES resultou num custo não recorrente de 80,4 milhões de euros. Com Luís Villalobos