Sindicato dos Jogadores denuncia "desumanidade" no Varzim

Max, defesa brasileiro do clube poveiro, tem salários em atraso desde Novembro, foi proibido de se alimentar no restaurante do clube e foi expulso da casa onde vivia.

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Evangelista: "Não é só uma questão desportiva, é uma questão humana" Miguel Manso

Em conferência de imprensa, Joaquim Evangelista, presidente do organismo, revelou que a formação que disputa a II Divisão deixou em Novembro do ano passado de pagar o salário a Max, jogador contratado no início da temporada, tendo em Janeiro tirado a alimentação e obrigado o defesa brasileiro de 20 anos a abandonar a casa onde residia.

“Além de um atropelo à lei laboral, este é um caso de desumanidade. O Max foi proibido de se alimentar no restaurante à custa do clube, como está acordado, e foi obrigado a sair de casa. Não é só uma questão desportiva, é uma questão humana”, afirmou Joaquim Evangelista.

O sindicalista lamentou que o Varzim tenha “ignorado as necessidades humanas que uma pessoa que está em Portugal sozinho e sem família” e pediu a irradiação do director desportivo Alexandre Vilacova, antigo jogador e capitão do clube.

“Pessoas deste tipo têm que ser banidas do futebol. Custa-me ainda ver que este episódio é protagonizado por um ex-jogador e com este comportamento. No futebol português também é preciso cantar o Grândola, Vila Morena. Precisam de ouvir a música, entender a música e arrepiar caminho a bem ou a mal”, frisou Evangelista.

Também presente na conferência de imprensa, Max explicou que chegou a Portugal com a promessa de um salário de 2.500 euros mensais, tendo acabado apenas por assinar um contrato até final da temporada em que teria apenas direito a 500 euros líquidos por mês.

“Não gostei do que aconteceu mas queria muito jogar em Portugal e por isso aceitei. Tinha também alojamento, alimentação, assistência médica e viagens pagas”, revelou.

O defesa brasileiro contou que recebeu o salário referente a Setembro e Outubro mas, depois se ter lesionado e ter que ficar afastado dos relvados durante três meses, deixou de receber qualquer renumeração.

“Fui proibido de treinar com a equipa principal e em Janeiro convidaram-me para ir embora. Ofereciam-me a viagem de regresso ao Brasil e 200 euros e eu não aceitei. Ameaçaram que me prejudicavam a carreira e não jogava em mais lado nenhum. Na semana passada deixei de poder comer no restaurante do clube e obrigaram-me a entregar a chave de casa”, disse.

Max, que entretanto já rescindiu com o Varzim, foi então apoiado pelo SJPF, que se responsabilizou pela estadia e alimentação do jogador em Lisboa, assim como a viagem de regresso para o Brasil, que deverá acontecer esta semana.

“Tenho seis irmãos que dependiam do meu salário. Vou voltar para o Brasil pior do que estava quando vim para Portugal. Gostava de cá continuar mas é impossível, nem tenho condições psicológicas”, lamentou o defesa.