Mo Yan, o rapaz do campo vive o seu “conto de fadas” por causa do Nobel

No seu discurso durante o banquete do Nobel, o escritor chinês disse que a vida sem literatura é cruel, e por isso tem orgulho na sua profissão e está consciente da sua importância. Mo Yan está a viver um “conto de fadas” em Estocolmo

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Banquete do Nobel em Estocolmo REUTERS/Jessica Gow/Scanpix

Para o escritor chinês Mo Yan, um rapaz que cresceu numa quinta de uma região recôndita da China, estar esta segunda-feira à noite no banquete do Nobel, em Estocolmo, depois ter recebido o Prémio Nobel da Literatura, “parece um conto de fadas, que aconteceu mesmo”.

Foi assim que o autor chinês começou o seu discurso no banquete que se realizou no Salão Azul do edifício da Câmara Municipal de Estocolmo, na presença da família real sueca, dos outros laureados e convidados. A cerimónia, transmitida em directo pela televisão sueca, terminaria com um baile de gala.

Durante os últimos meses, depois do anúncio do Nobel em Outubro, o autor de Mudanças (ed. Divina Comédia) e de Peito Grande, Ancas Largas (ed. Babel) teve consciência do impacto do prémio e de como ele é respeitado.

“Tentei ver o que aconteceu durante este período de uma forma distante e fria. Foi uma oportunidade de ouro para que eu conhecesse mais do mundo e, além disso, uma oportunidade para aprender coisas sobre mim”, disse Mo Yan, acrescentando estar ciente de que há muitos outros escritores no mundo mais laureáveis do que ele.

“Sei que a literatura tem uma importância mínima nas disputas políticas e nas crises económicas no mundo, mas a sua importância para os seres humanos é ancestral. Quando a literatura existe, talvez não notemos como ela é importante, mas quando ela não existe, as nossas vidas tornam-se embrutecidas e cruéis. Por esta razão, tenho orgulho na minha profissão e estou consciente da sua importância”.

Mo Yan agradeceu aos membros da Academia Sueca por se “terem mantido firmes nas suas convicções”. “Estou confiante de que não se deixarão afectar por nada que não seja literatura”, realçou. Agradeceu aos seus tradutores nos diversos países em que a sua obra está publicada, pois sem eles “não haveria literatura mundial”: “o vosso trabalho é uma ponte que ajuda as pessoas a entenderem-se e a respeitarem-se umas às outras”.

Não esqueceu também a família e os amigos, nem os seus compatriotas de Gaomi, a sua terra natal na China. “Fui, sou e sempre serei um de vocês”, concluiu.

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